Mas o que explicaria esse resultado? Segundo a cientista política Denilde Oliveira Holzhacker, grande parte da sociedade desconhece os posicionamentos ideológicos e as classificações do espectro esquerda/direita, demonstrando desinteresse em se aprofundar nesses temas devido à descrença no sistema político vigente. Para Denilde, o debate político no Brasil está desvinculado de representações tradicionais, como os partidos, e as pessoas têm dificuldade em entender as classificações como forma de se posicionar politicamente.
Nesse sentido, a tendência atual no país é priorizar indivíduos em detrimento das categorias coletivas de identificação política, estabelecendo uma conexão maior com os líderes políticos, como os bolsonaristas, lulistas e brizolistas, em vez de se identificar com partidos políticos.
O cientista político Rafael Machado Madeira corrobora com essa visão, apontando que os próprios partidos políticos contribuem para esvaziar as categorias de esquerda e direita, muitas vezes procurando se desassociar delas ou omiti-las. Para Machado, a associação feita entre a direita política e a ditadura militar nas últimas décadas fez com que os partidos de direita buscassem se desvincular dessas ideias, gerando um cenário de mudanças constantes nas identidades políticas e ideológicas.
Em meio a esse panorama de incertezas e transformações, os conceitos de direita e esquerda vêm sendo moldados de acordo com as disputas políticas e o contexto histórico, ganhando novos significados e influências conforme as lideranças políticas se posicionam no espectro ideológico. Isso confirma a visão de que a política no Brasil está em constante mutação, refletindo as demandas e pautas específicas de cada momento eleitoral.