POLÍTICA – CPMI do INSS requer prisão preventiva de Carlos Roberto Lopes por suspeita de lavagem de dinheiro e falso testemunho em depoimento recente.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os descontos irregulares nos benefícios do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) tomou um passo significativo em sua atuação na última quinta-feira, ao aprovar um requerimento que solicita a prisão preventiva de Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer). Lopes havia testemunhado perante o colegiado na terça-feira e, durante a sessão, chegou a ser detido por fornecimento de informações falsas, embora tenha sido liberado posteriormente.

O requerimento, elaborado pelo relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), não só pede a prisão de Lopes como também sugere a adoção de outras medidas cautelares. Essa solicitação será encaminhada ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, marcando uma nova etapa nas investigações.

A Conafer tem sido apontada como uma das organizações que mais lucram a partir dos descontos irregulares aplicados a aposentados e beneficiários associados à entidade. Gaspar apontou que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectou transferências financeiras que demonstram um padrão de movimentações suspeitas, em grande parte conectadas a Carlos Roberto. Ele enfatizou que, durante seu depoimento, Lopes não conseguiu comprovar a origem legítima dos recursos financeiros envolvidos nas transações e a regularidade das operações realizadas.

O relator destacou que, das transferências detectadas, mais de cento e quarenta milhões de reais foram enviadas para diferentes pessoas físicas e jurídicas ligadas a Cícero Marcelino, assessor de Lopes. Essas movimentações financeiras, segundo Gaspar, ultrapassam o padrão econômico declarado por Lopes, indicando um possível esquema de lavagem de dinheiro.

Além da solicitação de prisão, a CPMI decidiu convocar diversos ex-servidores do INSS para depor sobre fraudes relevantes no setor. Entre os convocados está Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-procurador-geral da Procuradoria Federal Especializada junto ao INSS, que foi afastado de seu cargo durante a Operação Sem Desconto, uma investigação policial sobre descontos não autorizados. A esposa e a irmã de Oliveira também foram convocadas, pois há indícios de que receberam valores de empresas ligadas às associações em apuração. As datas para esses depoimentos ainda não foram definidas, mas as investigações continuam a avançar, em busca de elucidar os crimes de fraude e lavagem de dinheiro que podem estar em curso.

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