A votação estava inserida na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) conhecida como a PEC da Blindagem, que prevê mecanismos de proteção para parlamentares frente a processos judiciais. Curiosamente, o resultado da votação ficou a apenas 12 votos de distância da aprovação, refletindo divisões políticas dentro da Casa.
O destaque que eliminou o voto secreto teve o apoio de 174 parlamentares, em sua maioria do partido Novo, que argumentaram a favor da transparência nas decisões relacionadas a processos criminais. Entre os que apoiaram a manutenção do sigilo do voto, estavam os partidos PL, União Brasil, PP, PSD, Republicanos, MDB, PSDB, Cidadania e Podemos, além da oposição, que se uniu em torno de uma mesma posição.
O líder da oposição, Cabo Gilberto Silva, justificou seu apoio ao voto secreto como uma forma de proteger os parlamentares de possíveis pressões e chantagens ao decidirem sobre a abertura de processos contra colegas. Ele argumentou que o contexto da votação deve permitir liberdade para que os representantes expressem suas vontades sem receios. Em contraste, o deputado Helder Salomão, do PT, defendeu vehementemente a necessidade de transparência, afirmando que eleitos não têm direito ao sigilo, pois o eleitor deve saber qual a posição de seus representantes.
A PEC da Blindagem, além de estipular a necessidade de autorização da Câmara ou do Senado para a abertura de ações penais, introduz a ideia de que os parlamentares podem ser processados apenas após a deliberação em até 90 dias. Casos de prisão em flagrante por crimes inafiançáveis também seguem essa regra, exigindo autorização da Casa do parlamentar.
Essa PEC gerou um intenso debate, especialmente no contexto atual em que muitos parlamentares enfrentam investigações por envolvimentos em atos antidemocráticos, especialmente após as eleições de 2022. Críticos da proposta indicam que facilitará a impunidade entre deputados e senadores investigados por corrupção, ao mesmo tempo que defensores afirmam que se trata de uma salvaguarda necessária contra possíveis abusos judiciais.
Enquanto isso, o cenário político continua a ser moldado pela polarização em torno da proteção das prerrogativas parlamentares versus a necessidade de responsabilidade e transparência na função pública. A discussão sobre o papel do voto secreto neste contexto é apenas uma das muitas facetas do complexo panorama legislativo brasileiro.