O atual presidente da Câmara, Hugo Motta, estabeleceu um grupo de trabalho sob a coordenação do deputado Pedro Paulo, do MDB do Rio de Janeiro. No entanto, até agora, as propostas específicas ainda não foram divulgadas, embora se espere que os textos sejam apresentados em breve. A proposta de reforma divide opiniões: enquanto algumas vozes clamam pela necessidade de uma gestão mais eficiente e pela redução de gastos, outros, incluindo servidores e representantes de movimentos sociais, alertam que as mudanças podem representar retrocessos significativos, fragilizando a estrutura do serviço público.
O relator, Pedro Paulo, assegura que o fim da estabilidade do servidor, uma das medidas polêmicas inicialmente contempladas pela PEC 32, não faz parte do novo contexto de reforma. Entretanto, vozes críticas apontam essa mudança na política de contratações, sugerindo que a criação de um cadastro nacional para funcionários temporários poderia enfraquecer as garantias dos servidores efetivos. Diego Marques, diretor do Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior, alerta que a formalização de contratos temporários por meio das leis trabalhistas poderá levar a uma substituição silenciosa dos servidores concursados.
Além disso, a estabilidade no serviço público é uma proteção vital contra demissões sem justa causa e serve como uma barreira contra pressões políticas, garantindo uma prestação de serviços mais estável e confiável à população. A falta de diálogo entre a Câmara e as entidades representativas dos servidores também é uma preocupação expressa, pois muitos acreditam que as discussões não contemplam adequadamente as vozes dos que estão diretamente envolvidos.
Os defensores da reforma, por outro lado, enfatizam a importância de torná-la mais eficiente e responsiva às demandas atuais da sociedade, argumentando que o Estado deve se adaptar à velocidade das transformações sociais. O presidente Hugo Motta defende que o Brasil necessita de coragem para enfrentar essas questões, destacando a falência do sistema público em atender às necessidades da população.
Embora os detalhes exatos da reforma ainda sejam desconhecidos, algumas das 70 medidas propostas incluem o combate a supersalários, limitações ao trabalho remoto, e mudanças nas regras de aposentadoria para magistrados. Contudo, é crucial que a discussão avance de forma a considerar as particularidades de cada categoria e manter as garantias fundamentais dos servidores públicos. O tempo é curto e a pressão sobre o Parlamento só tende a aumentar nos dias que virão, à medida que servidores e movimentos sociais planejam mobilizações para se manifestar contra as possíveis mudanças.