O estudo, intitulado “Ranking Igualdade Racial 2025”, avalia cerca de 37 mil ações legislativas, abrangendo votos, discursos, pareceres e outras iniciativas. Os resultados mostram que, após os primeiros 50 parlamentares que se destacam, há uma queda acentuada nas avaliações, o que sugere que, embora existam alguns esforços isolados, a maioria dos deputados parece não priorizar de forma efetiva as questões raciais.
Ingrid Sampaio, coordenadora de Advocacy do Instituto de Referência Negra, ressalta que essa tendência é alarmante. Segundo ela, as notas dos parlamentares despencam de maneira abrupta após os primeiros colocados, indicando que a maioria demonstra um engajamento mínimo ou quase nulo em relação a essa causa. É uma realidade desconcertante, especialmente quando se considera a necessidade de um compromisso mais robusto por parte do Congresso para enfrentar as desigualdades raciais históricas no país.
O ranking atribui notas que variam de -10 a +10, baseando-se nas posições favoráveis ou contrárias a propostas que visam promover a igualdade racial. Sampaio destaca que o baixo engajamento se deve ao fato de que a pauta racial é considerada incômoda pelos legisladores, que preferem evitá-la.
Ao longo da história, o movimento negro brasileiro tem lutado por políticas públicas que busquem mitigar as disparidades socioeconômicas entre negros e brancos. Dados alarmantes, como a renda média de pessoas negras que representa apenas 58,3% da renda de brancos, refletem uma realidade que demanda atenção e ação efetiva por parte dos parlamentares.
O estudo também revela que, na relação de partidos, a maioria dos líderes nas primeiras posições do ranking pertence a vertentes de centro-esquerda, embora existam também representantes de direita que se destacam no apoio às pautas raciais. Isso evidencia que, apesar de a temática ser tradicionalmente associada à esquerda, há parlamentares de outros espectros políticos que, contrariamente à posição de suas respectivas bancadas, se engajam com relevantes ações em prol da igualdade racial.
Além disso, parlamentares negros, mulheres e indígenas são indicados como os principais impulsionadores dessas pautas. As mulheres, apesar de representarem apenas 20% das cadeiras na Câmara, ocupam muitas das posições de destaque, reiterando a importância da diversidade de vivências na formulação de políticas eficazes.
Sampaio conclui que a presença de parlamentares não brancos e mulheres é fundamental para fortalecer o debate sobre igualdade racial, ressaltando que a representatividade é um elemento que realmente influencia as políticas públicas e a qualidade dos debates na sociedade. Com a premiação de parlamentares destacados na luta pela igualdade racial programada para a noite desta terça-feira, a esperança é que esses resultados possam inspirar um engajamento maior e mais significativo entre os representantes da população brasileira.
