A decisão de permitir que as CPIs proponham acordos de delação premiada depende da autorização do Ministério Público, que é o titular da ação penal. De acordo com o parecer da Advocacia do Senado, cabe ao MP apresentar o acordo às autoridades judiciais, que devem homologá-lo. Essa prerrogativa é similar à atribuída aos delegados de polícia no comando de investigações policiais.
A discussão sobre o uso da delação premiada surgiu após o depoimento do hacker Walter Delgatti, que afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria prometido um indulto em troca da divulgação de um suposto grampo contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Delgatti também alegou ter orientado os militares das Forças Armadas na elaboração do relatório sobre as urnas eletrônicas, a pedido de Bolsonaro. No entanto, o hacker optou por permanecer em silêncio durante seu interrogatório perante os parlamentares.
O parecer da Advocacia do Senado argumenta que não seria razoável negar às CPIs a prerrogativa de utilizar a delação premiada como meio de prova. Se a Constituição confere determinada competência a uma entidade jurídica, é necessário reconhecer a essa entidade a possibilidade de utilizar os instrumentos jurídicos adequados para o exercício regular de sua competência. Portanto, a realização de acordos de colaboração premiada é considerada um instrumento jurídico apropriado e necessário, de acordo com a definição do Supremo Tribunal Federal.
Esta interpretação jurídica contribui para o aperfeiçoamento das investigações conduzidas pelas CPIs, garantindo que elas possam utilizar as melhores ferramentas disponíveis para obter provas e promover a justiça. O propósito fundamental das comissões parlamentares de inquérito é investigar questões de interesse público e apurar irregularidades. Portanto, é essencial que elas tenham a liberdade de recorrer a instrumentos legais, como a delação premiada, para alcançar seus objetivos.
É importante ressaltar que o parecer emitido pela Advocacia do Senado não revela a fonte de suas informações. No entanto, acredita-se que ele tenha se baseado em estudos e interpretações jurídicas relevantes para chegar a suas conclusões. Por isso, é fundamental que as autoridades responsáveis pelo caso analisem o parecer com cautela e levem em consideração as peculiaridades e necessidades específicas da situação em questão.