Policial civil é baleado por sargento da Rota em São Paulo; inquérito investiga se houve excesso em ação de legítima defesa putativa.

Na última sexta-feira, 11 de julho, a violência se manifestou de forma alarmante no Campo Limpo, zona sul de São Paulo, quando o policial civil Rafael Moura da Silva foi atingido por disparos efetuados pelo sargento da Rota, Marcus Augusto Costa Mendes. O incidente ocorreu por volta das 17h48, e um vídeo gravado por um colega mostra Rafael caminhando perto da viela onde foi ferido, trajando camiseta e boné pretos, além de calça cinza.

De acordo com o boletim de ocorrência oficial, Rafael, que faz parte da Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco), foi insuficientemente avisado da abordagem. Ele recebeu três tiros: um no braço e dois no abdômen, e atualmente encontra-se internado em estado gravíssimo no Hospital das Clínicas. Outro policial civil também foi ferido, mas informações sobre seu estado de saúde não foram divulgadas.

Após o ocorrido, o delegado Antonio Giovanni Neto ordenou a abertura de um inquérito para investigar se os disparos foram resultado de uma reação desproporcional por parte do sargento da Rota. A análise inicial sugere que o caso poderia ser classificado como uma legítima defesa putativa, uma situação em que um indivíduo acredita, equivocadamente, estar sob ameaça. No entanto, a autoridade policial reconhece que a dinâmica do incidente é complexa e requer uma investigação mais aprofundada.

O sargento Mendes alegou ter confundido os policiais com traficantes, desencadeando os disparos ao pensar que estava agindo em defesa. No entanto, testemunhas relatam que os policiais civis tentaram alertá-lo de sua verdadeira identidade antes dos tiros, mas foram ignorados.

A delegada Raquel Gallinati, diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, criticou o sistema que permitiu que esse tipo de incidente ocorresse, afirmando que é um reflexo de “um sistema que opera no improviso” e ressoando a necessidade urgente de uma integração mais eficaz entre as diferentes forças policiais.

Gallinati enfatizou que a falta de treinamento adequado dos policiais é um fator que contribui para tragédias como essa. “Que o policial que efetuou os disparos seja rigorosamente investigado e, se culpado, punido com severidade”, declarou, destacando que as lideranças devem assumir a responsabilidade institucional por suas ações.

Este episódio doloroso não apenas expõe falhas nas operações diárias das forças de segurança, mas também aponta para uma crise estrutural na forma como a polícia atua em situações de emergência, evidenciando a necessidade de mudanças que garantam a segurança tanto dos cidadãos quanto dos próprios agentes de segurança pública.

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