Polícia Federal revela esquema da Abin Paralela que monitorava advogado da Corte Interamericana de Direitos Humanos, Rodrigo Mudrovitsch, em investigação criminal.

O relatório final da Polícia Federal (PF) revelou desdobramentos alarmantes em torno da atuação da chamada “Abin Paralela”, uma organização que operava de forma clandestina e ilegítima. A investigação destacou o envolvimento do advogado Rodrigo Mudrovitsch, que atualmente é vice-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos. De acordo com documentos obtidos, a Abin Paralela foi responsável por solicitar informações precisas sobre Mudrovitsch, o que levanta sérias questões sobre a integridade e a legalidade dessas ações.

Mensagens intercambiadas entre membros da Abin Paralela, datadas de setembro de 2021, indicam um esforço evidente em compilar um dossiê sobre o advogado. “Precisamos levantar tudo. Fazer um perfil com currículo e atividades e etc”, destaca uma das postagens. Na mesma conversa, há menções ao fato de que Mudrovitsch estava sendo indicado para uma posição em uma instância internacional, gerando inquietação entre os membros da organização clandestina. “Precisamos descobrir e clarear sobre isso”, afirma outra mensagem, evidenciando a intenção de monitorar suas atividades.

A situação se torna ainda mais crítica quando se considera que, apenas meses após esse esquema de espionagem, em novembro de 2021, Mudrovitsch foi eleito juiz da Corte, obtendo 19 dos 24 votos disponíveis. A velocidade com que a Abin Paralela atuou em relação ao advogado sugere um padrão sistemático de vigilância sobre figuras públicas que eram percebidas como ameaças ao governo da época.

As implicações desse relatório vão além do caso específico de Mudrovitsch e refletem uma série de práticas questionáveis e ilegais que afetaram não apenas indivíduos, mas o funcionamento das instituições democráticas no Brasil. A revelação da Abin Paralela lança uma sombra sobre a transparência e a ética na administração pública, suscitando um debate urgente sobre os limites do poder e a proteção dos direitos humanos no país. Essa trama de espionagem institucional poderia ter repercussões significativas, não apenas para os envolvidos, mas também para a confiança da população nas instituições republicanas.

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