Polícia Federal justifica uso de algemas em deportados dos EUA e governo brasileiro solicita explicações sobre tratamento “degradante” na devolução aos seus países.

No último fim de semana, um grupo de 158 deportados dos Estados Unidos chegou a Manaus, sendo 88 deles brasileiros. O desembarque ocorreu em meio a uma controvérsia relacionada ao uso de algemas durante o transporte dos deportados, que, embora seja uma prática comum em voos fretados pelo governo americano, gerou indignação entre autoridades brasileiras e organismos de direitos humanos.

A Polícia Federal (PF) justificou que a utilização das algemas é uma medida padrão durante os voos, mas que a prática deveria ser interrompida ao chegarem ao território brasileiro. No entanto, durante a chegada em Manaus, as algemas não foram removidas, o que provocou a intervenção do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Diante da situação, ele comunicou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que determinou a utilização de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar os deportados até seu destino final, Belo Horizonte.

Apesar da detenção e do uso de algemas, a Polícia Federal destacou que os deportados não são considerados prisioneiros. No entanto, a situação foi classificada como “degradante” pelo governo brasileiro, que prontamente solicitou esclarecimentos ao governo dos Estados Unidos sobre o tratamento dos deportados. A PF reafirmou que, uma vez em solo brasileiro, os cidadãos devem ser tratados com dignidade e os protocolos de segurança do país devem ser respeitados. Além disso, a corporação indicou que as autoridades americanas não deveriam mais utilizar algemas nos deportados brasileiros.

O incidente ocorre em um contexto mais amplo de políticas de imigração rígidas nos Estados Unidos, especialmente sob a administração do presidente Donald Trump, que havia prometido uma operação de deportação em massa. Desde outubro de 2023, dados indicam que o Escritório de Alfândegas e Proteção de Fronteiras (CBP) já havia detido cerca de 300 mil migrantes na fronteira sudoeste dos EUA, refletindo um aumento nas operações de deportação. A crescente tensão entre as políticas migratórias dos EUA e os direitos dos deportados continua a ser um tema sensível nas relações entre Brasil e Estados Unidos.

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