Polícia Federal Investiga Lavagem de Dinheiro em Transação de Casarão de R$ 22 Milhões Ligado a Advogado e Empresário Envolvidos em Fraudes do INSS

A Polícia Federal (PF) está investigando um caso que levanta suspeitas de lavagem de dinheiro em um negócio imobiliário envolvendo a compra de um casarão avaliado em R$ 22 milhões. O imóvel, localizado no Jardim Europa, um dos bairros mais nobres de São Paulo, foi adquirido pelo empresário Maurício Camisotti, que está vinculado a um esquema de fraudes relacionadas ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O casarão, que pertencia à família do falecido empresário Abílio Diniz, foi posteriormente demolido e o terreno anexado ao jardim da mansão do advogado Nelson Wilians, que também está sob investigação, embora sua prisão tenha sido inicialmente negada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A investigação da PF, parte das ações da denominada Operação Cambota, sugere que as transações financeiras entre Wilians e Camisotti podem conter indícios de atividades ilícitas. As autoridades levantaram questionamentos sobre o interesse de Wilians em justificar suas movimentações financeiras, especialmente considerando a pauta amplamente divulgada que vincula os dois a irregularidades com aposentados que sofreram descontos indevidos em seus benefícios.

Adicionalmente, a PF destaca um fluxo financeiro entre os dois investigados, que inclui transferências superiores a R$ 15,5 milhões. A movimentação financeira de Wilians entre 2019 e 2024 alcançou impressionantes R$ 4,3 bilhões, com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) monitorando diversas operações atípicas. As informações reveladas pela investigação indicam que ambas as partes possuem um histórico de comunicações com o Coaf, que refletem preocupações sobre a origem e a destinação dos recursos, exacerbando as suspeitas de lavagem de dinheiro.

O advogado Nelson Wilians se defendeu, afirmando que a relação com Camisotti é estritamente profissional e que todas as transações são legítimas, propondo essa justificativa como uma mera operação imobiliária de fácil comprovação. Entretanto, as justificativas fornecidas à PF levantam dúvidas, uma vez que são consideradas inconsistentes em relação a registros de operações nos bancos de dados oficiais.

Por sua vez, a defesa de Maurício Camisotti classifica a prisão como uma arbitrariedade, descrevendo a ação policial como um desrespeito às garantias constitucionais. Eles afirmam que Camisotti estava em conversa com seu advogado no momento em que foi abordado, o que, segundo sua equipe legal, constitui uma violação dos direitos do investigado.

Enquanto as investigações prosseguem, ambos os acusados se dizem dispostos a cooperar e garantir total transparência nas apurações. No entanto, as complexidades do caso, envolvendo uma trama que se entrelaça com questões financeiras e jurídicas, prometem desdobramentos ainda mais intrigantes no cenário político e econômico do Brasil.

Sair da versão mobile