Polícia Federal desmantela quadrilha de grilagem de terras indígenas e prende suspeitos no Piauí durante operação “Aldeia Verde”

Na manhã desta quarta-feira, a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) realizaram uma operação de grande importância para a proteção das terras indígenas no Piauí. Ao todo, foram detidos integrantes de uma quadrilha acusada de grilagem, especificamente em áreas tradicionalmente ocupadas pelas etnias Akroá-Gamella e Guegue do Sangue. As investigações revelaram práticas ilegais que resultaram na apropriação indevida de aproximadamente 6,6 mil hectares de terra.

A ação, batizada de Operação Aldeia Verde, visou cumprimentos de dois mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão em várias cidades do Piauí e do Paraná, incluindo Teresina, Currais, Bom Jesus, Mamboré e Maringá. Segundo os dados levantados durante as investigações, a quadrilha utilizava falsos posseiros, que atuavam como “laranjas”, no processo fraudulento envolvendo o Instituto de Terras do Piauí (Interpi). Esses indivíduos eram usados por intermediários que contavam com a conivência de agentes públicos, dirigentes sindicais e funcionários de cartórios, todos envolvidos na falsificação de documentos necessários para a venda ilegal das terras.

As práticas ilícitas ficaram evidentes quando o MPF identificou que intermediadores mapeavam áreas passíveis de apropriação, buscando empresários do agronegócio dispostos a adquirir propriedades a preços muito baixos — uma estratégia que desconsiderava o caráter inalienável dessas terras. De acordo com as apurações, os intermediários ainda ofereciam incentivos a pequenos trabalhadores rurais, incluindo indígenas, utilizando dinheiro, alimentos e outros recursos como forma de coação para ocupar as terras visadas.

A operação destaca os esforços do MPF e da PF na luta contra a grilagem de terras, que já gerava múltiplas denúncias e protestos por parte de lideranças indígenas e organizações de defesa dos direitos humanos. Desde 2018, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) trabalha em processos de demarcação nas regiões afetadas. Além disso, denúncias recentes sugerem práticas organizadas de venda e distribuição de terras, utilizando aplicativos de mensagens, especialmente durante o período eleitoral de 2021.

Investigadores afirmam que essas práticas ilegais não apenas desrespeitam os direitos das comunidades indígenas, mas também comprometem a integridade ambiental das áreas afetadas. A operação é um passo significativo na busca de justiça para as populações indígenas ameaçadas por essas ações criminosas e ressalta a necessidade urgente de contínuas políticas de proteção territorial e ambiental no Brasil.

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