Após meticulosas apurações, a polícia identificou pelo menos 145 pessoas ligadas à rede criminosa, que operava em diversos níveis, abrangendo caçadores, intermediários e falsificadores. Esses indivíduos não hesitaram em utilizar artifícios fraudulentos, como a falsificação de documentos e anilhas, que conferiam uma aparência de legalidade aos animais extraídos de seus habitats naturais.
Os criminosos, com a astúcia de um comércio clandestino, utilizavam a internet para viabilizar suas transações. Grupos em aplicativos de mensagem eram formados com nomes como “rolo de animal” ou “feiras do rolo”, onde eram comercializados animais de origem duvidosa. A investigação revelou diálogos chocantes, onde os traficantes ofereciam os bichos como se fossem mercadorias comuns. Um exemplo disso foi um homem que perguntou sobre filhotes de macaco-prego, recebendo uma resposta com um vídeo dos animais à venda.
A brutalidade desse comércio não se limita apenas às trocas financeiras. Os animais eram capturados em condições precárias e frequentemente morriam durante o transporte, evidenciando a total falta de respeito e empatia por parte dos envolvidos. Os locais de captura, como o Parque Nacional da Tijuca, tornaram-se cenários de exploração, onde as espécies são retiradas de seus habitats naturais sem qualquer consideração pelo bem-estar animal.
Para lidar com a situação, a Polícia Civil estabeleceu uma base na Cidade da Polícia, onde os animais resgatados recebem atendimento veterinário antes de serem encaminhados para centros que visam sua reintegração à natureza. Essa medida visa não apenas a preservação das espécies, mas também a recuperação de um ecossistema ameaçado.
Entre os implicados, o ex-deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, foi identificado como um dos alvos da operação. Ele já se encontrava detido por crimes relacionados ao tráfico de drogas, mas investigações recentes revelaram sua ligação com o comércio de primatas, um dos setores mais lucrativos do tráfico de animais. Informações obtidas sugerem que Tiego estava diretamente envolvido em negociações para a venda de macacos, indicando que o problema vai muito além da simples transgressão da lei, refletindo uma questão complexa e preocupante de exploração animal nas redes de crime organizado.