A cronologia dos pagamentos remonta ao final de 2022, quando o estado passou a gestão de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de certas organizações sociais para a Fundação Saúde. Sob a alegação de necessidade contínua da prestação dos serviços laboratoriais, os pagamentos ao PCS Lab foram realizados inicialmente sem contratos formais, utilizando TACs. A formalização só ocorreu em fevereiro de 2023, porém sem um processo licitatório, levando a um contrato de R$ 2,1 milhões para serviços em quatro UPAs na Zona Oeste.
Sob a gestão do então secretário de Saúde, Luiz Antônio de Souza Teixeira Júnior, conhecido como Doutor Luizinho, cuja família está ligada ao laboratório, o curso dos eventos levanta questionamentos de potencial favorecimento. Walter Vieira, um dos sócios detidos recentemente, é casado com uma tia do ex-secretário, enquanto Matheus Vieira, outro sócio, é filho de Walter e atua diretamente nos contratos celebrados.
Em outubro, outro contrato de R$ 3,8 milhões foi estabelecido, novamente sem licitação, para serviços clínicos no Hospital Estadual Ricardo Cruz, localizado na área de influência política de Doutor Luizinho. A emergência da contratação foi justificada pela necessidade de continuidade dos serviços sem interrupções prejudiciais à saúde pública.
Posteriormente, em dezembro de 2023, o laboratório participou e venceu um processo licitatório, expandindo seus serviços para 11 unidades de saúde estaduais. Contudo, a capacidade técnica do PCS Lab Saleme foi questionada durante a licitação, alimentando suspeitas sobre a competência da empresa para executar completamente os serviços contratados.
No decorrer das investigações, Walter Vieira atribuiu o erro nos exames de HIV a falhas cometidas por três funcionários, ressaltando problemas técnicos e procedimentais no manuseio das amostras. Mesmo assim, as consequências dessas falhas foram graves, resultando na infecção de pacientes receptores de órgãos.
A situação tem gerado repercussões não só nas esferas administrativas e judiciais, mas também em termos de saúde pública e ética profissional. Enquanto o deputado Dr. Luizinho condena veementemente os acontecimentos e exige punições, os desdobramentos das investigações prometem modificar o panorama político e administrativo em torno dos contratos estaduais na área da saúde. A questão central recai na adoção de medidas rigorosas para recuperar a confiança na eficiência e integridade dos processos de saúde pública, minimizando riscos à população.