Após três anos sob intervenção judicial, a Organização das Cooperativas Brasileiras em Alagoas (OCB/AL) voltou a ser comandada por uma presidente eleita, Maria Verônica Costa Medeiros. A decisão que marcou o fim da intervenção foi proferida pelo juiz José Braga Neto, da 13ª Vara Cível de Maceió. A medida, no entanto, causou surpresa devido a uma série de acontecimentos que envolvem a política local e denúncias de irregularidades dentro da organização.
Segundo documentos do processo, o magistrado convocou uma reunião entre as partes envolvidas no caso – as cooperativas que solicitaram a intervenção e os representantes do Conselho de Administração da OCB/AL. Durante o encontro, o juiz sugeriu um entendimento entre as partes, mas as cooperativas de acusação aceitaram a proposta de diálogo, enquanto o conselho se recusou a participar. Mesmo assim, a decisão final foi favorável aos conselheiros, encerrando a intervenção e devolvendo-lhes o poder de gestão da organização.
A decisão foi tomada de maneira célere, surpreendendo observadores, já que o processo em questão conta com mais de 5 mil páginas e evidências de desvios de recursos. A nova presidente, Verônica Medeiros, foi escolhida em uma assembleia realizada em 18 de janeiro de 2025, mas a convocação gerou controvérsias, já que contou com a presença de representantes de apenas 12 das mais de 100 cooperativas registradas na OCB/AL. Além disso, a publicação que anunciou a assembleia foi realizada com um prazo questionável.
O processo segue aguardando manifestação do juiz sobre esclarecimentos solicitados pelas cooperativas sobre o tratamento das evidências de ilegalidade no processo eleitoral. A nomeação de Verônica foi amplamente divulgada como uma escolha política, com sua indicação vindo do prefeito de Maceió, JHC (PL). Verônica, que também é presidente do PL em Palmeira dos Índios e diretora da Unimed, alegou que a nomeação foi feita devido à sua experiência no setor cooperativista. Porém, sua nomeação gerou estranheza, pois tradicionalmente, as lideranças da OCB/AL eram indicadas pelas próprias cooperativas.
A presidente eleita reforçou que seu mandato tem como objetivo restaurar a confiança no setor cooperativo alagoano, que enfrenta uma série de desafios e acusações. A OCB/AL, que reúne mais de 300 cooperativas em Alagoas, tem um impacto significativo na economia local, movimentando cerca de 10% do PIB do estado.