De acordo com relatos de testemunhas, a ação policial foi marcada pela falta de diálogo e planejamento, elementos essenciais que deveriam preceder intervenções de tal magnitude em áreas de alta densidade populacional, estimada em cerca de 15 mil pessoas. Flávio Vicente Machado, missionário do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), é uma das vozes que se levantaram contra essa operação, classificando-a como “um absurdo”. Segundo Machado, a presença da polícia, além de ser considerada inadequada, gerou uma mobilização ainda maior entre os membros da comunidade, que se organizam para resistir às pressões externas, embora tenha havido uma diminuição nas ocupações das vias principais.
A crítica se estende à maneira como o governo estadual tem conduzido a situação, levantando preocupações sobre um potencial confronto violento. A falta de preparo da Tropa de Choque, quando confrontada com as especificidades culturais e territoriais dos povos indígenas, é vista como uma receita para a tragédia. Além disso, Machado destacou que a atuação da polícia é ilegal, uma vez que a rodovia em questão é de jurisdição federal e não estadual.
Este episódio de hostilidade e tensão não é um caso isolado. A região de Dourados está se tornando um ponto crítico de disputas fundiárias e confrontos frequentes entre a comunidade indígena e as forças de segurança. Organizações de direitos humanos e movimentos sociais vêm denunciando a escalada da violência e o desrespeito à autonomia dos povos indígenas, especialmente em locais onde a concentração demográfica é alta.
Portanto, a invasão da Tropa de Choque não é apenas uma ocorrência isolada, mas reflete um padrão preocupante de agressões sistemáticas contra as comunidades indígenas, que lutam por seus direitos e pela preservação de suas terras. A situação atual demanda urgência em diálogo e soluções pacíficas que respeitem a cultura e a autonomia desses povos, contrapondo-se à violência e à opressão que marcam sua história.