Questionada sobre o caso, a PF se recusou a comentar investigações em andamento. De acordo com informações do MBL, Renan dos Santos, diretor nacional do movimento, foi intimado a prestar depoimento à corporação em setembro deste ano.
O MBL se defende, alegando que a declaração não constitui crime e que Lula realmente apoia os temas mencionados. “A postagem do MBL não tem absolutamente nada de errado: apenas comenta que o governo Lula apoia o aborto e a mudança de sexo – o que é verdade e pode ser facilmente constatado pelas falas de integrantes do governo, colegas de partido, bem como do próprio Lula”, declara o grupo.
Para o MBL, a atitude do governo Lula e da PF se configura como uma tentativa de censura e intimidação contra opositores políticos. “Vamos chamar as coisas pelo nome: estamos diante de censura e intimidação por parte do governo federal, que, por meio do seu Ministério da Justiça, acionou a Polícia Federal para instaurar um inquérito ilegal, com o único intuito de perseguir seus opositores políticos, no caso, o MBL”, afirma a organização em nota oficial.
A denúncia contra a publicação do MBL foi apresentada pelo então ministro da Justiça, Flávio Dino, em agosto do ano passado. Ele solicitou que a PF investigasse se houve ofensa à honra do presidente Lula.
Lula, por sua vez, já se posicionou como contrário ao aborto, embora afirme que o tema deve ser tratado como uma questão de saúde pública. Além disso, o presidente deu declarações favoráveis à diferenciação entre traficantes e usuários de maconha, mesmo tendo criticado a participação do Supremo Tribunal Federal (STF) no caso. Segundo Lula, a questão é de competência do Legislativo.
Esse embate reflete a polarização do ambiente político brasileiro, onde temas sensíveis e controversos frequentemente servem como estopins para conflitos entre governo e oposição. A investigação da PF sobre os membros do MBL adiciona mais um capítulo a essa história de disputas ideológicas e jurídicas, destacando as complexidades e tensões inerentes à política atual do país.