Na última quinta-feira, agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão em um endereço relacionado a Kalil em Brasília, mas ele não foi encontrado. A Justiça permitiu a quebra de seus sigilos fiscal, bancário e telefônico, abrangendo o período de janeiro de 2021 até agosto de 2025, além da apreensão de seu passaporte. Tanto Kalil quanto Carla Ariane Trindade, ex-nora do presidente Lula e casada por 19 anos com Marcos Cláudio Lula da Silva, são citados pela investigação como parceiros de Mariano, cuja função seria articular a liberação de verbas do Ministério da Educação destinadas à compra de livros e kits de robótica para prefeituras de cidades como Sumaré, Limeira e Hortolândia. Os contratos firmados com a Life estariam inflacionados, chegando a preços até 35 vezes superiores ao valor de mercado, segundo a PF.
A defesa de Kalil alega que não há evidências de que ele tenha realizado atividades de prospecção de negócios junto a setores públicos. Em nota, o advogado Roberto Bertholdo enfatiza que Kalil mudou-se para Portugal e realiza atividades no setor privado. A PF relata que o contato inicial entre Kalil e Mariano ocorreu em dezembro de 2021, quando o empresário recebeu um edital da prefeitura de Hortolândia antes de sua publicação.
Mensagens obtidas pela PF revelam que Mariano demonstrava confiança na influência de Kalil em ministérios do governo atual. Entre 2022 e 2024, ele transferiu cerca de R$ 150 mil para Kalil, incluindo contas de sua esposa, além de ter doado um veículo BMW, cuja aquisição por Kalil não se concretizou. A defesa reforça que os valores recebidos estão relacionados ao atendimento de demandas de tecnologia e não a atividades comerciais da empresa investigada.
A PF também descobriu que Kalil participou de uma comitiva do governo brasileiro à China, mas a defesa afirma que isso não se relaciona a licitações ou atividades públicas. Por outro lado, Carla é considerada uma peça-chave no esquema, sendo apresentada a Mariano por Kalil, e supostamente realizada viagens a Brasília custeadas pelo principal suspeito, sempre em busca de recursos e contratos forjados.
Os desdobramentos deste caso revelam uma teia de conexões e suspeitas que apontam para uma possível corrupção nas relações entre o setor privado e o governo, ainda que, por enquanto, não haja indícios que vinculem diretamente agentes públicos de maior escalão ao esquema investigado. A PF continua seu trabalho de investigação, enquanto os acusados tentam se desvincular das graves acusações.
