Os mandados executados nesta segunda-feira têm como alvo os contatos de Alexandre Ramagem, aliados dele na época em que atuava na Abin e no atual mandato como deputado federal. A ação de busca e apreensão tem como finalidade identificar possíveis destinatários de informações obtidas de maneira ilegal.
Segundo uma fonte da Polícia Federal, a Câmara do Rio de Janeiro, a residência de Carlos Bolsonaro e o Distrito Federal são alguns dos locais mencionados como suspeitos de terem recebido “materiais” obtidos de forma ilegal pela Abin. A suspeita é de que Carlos, conhecido como “02” de Bolsonaro, teria recebido informações ilegais do órgão de inteligência.
É importante ressaltar que Carlos Bolsonaro chegou a ser anunciado como o gestor de comunicações de Alexandre Ramagem para a campanha à prefeitura do Rio de Janeiro. A relação entre os dois foi um dos motivos que levaram ao bloqueio do nome de Ramagem pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para o comando da Polícia Federal em 2020. Na época, a amizade entre os dois já era conhecida, e os dois passaram juntos a festa da virada de 2019 para 2020.
Além de Carlos Bolsonaro, um policial federal lotado na Abin na gestão de Ramagem também é alvo da operação atual. Ramagem, que teria repassado informações da Abin para Carlos Bolsonaro, também está sendo investigado e foi alvo de busca e apreensão na última quinta-feira.
A operação é resultado de uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que alegou que o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, teria utilizado o órgão para realizar espionagem ilegal em favor da família do ex-presidente.
As investigações da Polícia Federal apontam que a Abin teria sido usada de forma “instrumentalizada” para monitorar ilegalmente diversas autoridades e pessoas envolvidas em investigações, além de desafetos de Bolsonaro, durante o período em que o órgão era liderado por Ramagem. Entre as autoridades que teriam sido espionadas estão a ex-deputada Joice Hasselmann, o ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana, e o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia. A situação está em desenvolvimento e novas informações podem surgir à medida que a investigação avança.