PF deflagra operação contra grupo suspeito de tráfico de armas para facções criminosas e principal alvo é argentino foragido

Na manhã desta terça-feira, a Polícia Federal deflagrou uma operação que mira um argentino suspeito de ser o maior contrabandista de armamentos da América do Sul. O objetivo da ação é desmontar um esquema que teria transportado ilegalmente cerca de 43 mil armas para facções criminosas no Brasil, movimentando um montante de R$ 1,2 bilhão. Diego Hernán Dirísio, o principal alvo da operação, é considerado foragido.

Segundo as investigações, Dirísio utilizava sua empresa, International Auto Supply (IAS), sediada em Assunção, no Paraguai, como fachada para realizar a compra de milhares de pistolas, munições e fuzis de fabricantes europeus. Estes fabricantes, sediados em países como Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia, são suspeitos de terem vendido o armamento ilegal para a IAS, que posteriormente encaminhava as armas para as facções criminosas no Brasil.

De acordo com o delegado Flávio Márcio Albergaria Silva, superintendente da PF na Bahia, as armas chegavam a Assunção, onde tinham sua numeração raspada e recebiam logotipos de outras indústrias, a fim de dificultar as investigações. Após este processo, as armas eram enviadas para as principais facções criminosas brasileiras, como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comanda da Capital (PCC). Desde 2020, foram apreendidos 659 fuzis e pistolas entregues pelo grupo aos criminosos em dez estados brasileiros.

Além do argentino, o esquema contava com a participação de doleiros e empresas de fachada no Paraguai e nos Estados Unidos. Segundo as autoridades, os suspeitos nos EUA eram responsáveis pela parte financeira do esquema, realizando o pagamento das armas para os fabricantes no Leste Europeu.

Como parte da operação, a PF solicitou a inclusão de 21 suspeitos na lista vermelha da Interpol, a fim de que sejam extraditados para o Brasil no caso de suas prisões. Além disso, foram apreendidos centenas de armas e uma grande quantidade de dólares, ainda não contabilizada, e determinado o bloqueio de R$ 66 milhões em bens, direitos e valores no Brasil.

A ação, conduzida pela Justiça da Bahia, contou com a cooperação internacional da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (SENAD/PY) e do Ministério Público do Paraguai. As autoridades continuam em busca de Dirísio e dos demais suspeitos, na tentativa de desmantelar completamente o esquema de contrabando de armas que alimenta o crime organizado no Brasil.

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