Pesquisas eleitorais na Bolívia são contestadas: analistas alertam que dados não refletem a real intenção de voto entre candidatos à presidência.

Eleições na Bolívia: Pesquisa Reflete Conflito de Narrativas Políticas

A atual disputa eleitoral na Bolívia, envolvendo os candidatos Jorge “Tuto” Quiroga, da Aliança Livre, e Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), tem gerado intensas discussões sobre a credibilidade de pesquisas eleitorais. A pouco menos de três semanas do segundo turno programado para 19 de outubro, uma nova pesquisa divulgada pela Ciesmori mostra Quiroga com 47% das intenções de voto, enquanto Paz aparece em segundo, com 39%.

Esses números têm sido recebidos com ceticismo, especialmente à luz das previsões anteriores. Muitos críticos apontam que as pesquisas realizadas antes do primeiro turno em agosto falharam ao indicar corretamente o desempenho de Paz, que surpreendeu ao obter 32% dos votos, apesar de as sondagens preverem menos de 10%. A ascensão de Quiroga, que subiu de 27% no primeiro turno para 47% no último mês, contribui para uma percepção de desconfiança nas pesquisas.

Quando questionado sobre os resultados, Quiroga optou por não comentar, afirmando sua intenção de focar em conquistar o apoio popular. Por outro lado, durante uma visita ao Brasil, Rodrigo Paz desconsiderou a pesquisa, argumentando que as sondagens anteriores eram imprecisas e que a verdadeira medição da opinião pública ocorre nas urnas.

Entre os analistas, Omar Ramírez, representante da Confederação Única dos Trabalhadores Camponeses, criticou as metodologias que, segundo ele, não refletem a realidade das intenções de voto na Bolívia. Ele também mencionou a necessidade de legalização de um novo partido político, Evo Pueblo, que teve origem após a saída de Evo Morales do Movimento ao Socialismo (MAS).

O ex-presidente Morales, ao longo do processo eleitoral, havia aconselhado seu eleitorado a votar nulo, uma prática que levou a uma significativa quantidade de votos nulos durante o primeiro turno. Contudo, durante a campanha para o segundo turno, ele pediu que a população votasse com consciência, o que se reflete na redução da opção de voto nulo para 4,7%.

A polarização se intensifica à medida que grupos que tradicionalmente apoiavam Morales estão agora divididos, com alguns apoiando Paz em vez de Quiroga. Essa mudança tem chamado a atenção para a complexidade do cenário eleitoral, que reflete a luta entre a direita e vertentes mais progressistas da política boliviana.

A análise do contexto político atual revela uma “guerra suja” entre os candidatos, com muitos alegando que a grande mídia tem exibido um viés contra o MAS. Essa situação evidencia a crescente desconfiança em relação à mídia e à pesquisa eleitoral, enquanto o eleitorado busca compreender a dinâmica das intenções de voto em um país marcado por profundas divisões políticas. O próximo mês poderá definir não apenas o futuro imediato da Bolívia, mas também a trajetória das políticas públicas e da governança nos próximos anos.

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