O biossensor é capaz de identificar três proteínas específicas que estão associadas à metastatização do câncer: LTA4H, CSTB e COL6A1. A presença dessas proteínas pode ser um sinal inicial de que o câncer se espalhou para os gânglios linfáticos do pescoço, uma situação que geralmente indica um agravamento do quadro de saúde do paciente. O método empregado para essa detecção é a espectroscopia de impedância eletroquímica, que analisa como essas proteínas interagem com a superfície do sensor, que é construído com ZIF-8, um material com estrutura porosa, além de anticorpos que atuam como captadores das moléculas-alvo.
Um notável diferencial desse protótipo é o uso de inteligência artificial na análise dos dados. Os algoritmos de machine learning, elaborados pelos pesquisadores, demonstraram a capacidade de identificar casos de metástase com uma acurácia de até 76%, destacando a proteína LTA4H como a mais eficaz na diferenciação entre pacientes com e sem disseminação tumoral. Vale ressaltar que, tradicionalmente, muitas cirurgias para verificar a presença de metástase não apresentam resultados conclusivos, levando a um alto índice de procedimentos desnecessários. A pesquisadora Luciana Trino Albano, que lidera o estudo em seu pós-doutorado, ressalta que cerca de 70% dessas intervenções cirúrgicas não encontram evidências de câncer metastático, o que torna a proposta do biossensor ainda mais relevante.
Atualmente, a equipe de pesquisa se dedica a etapas subsequentes do projeto, com a meta ambiciosa de produzir o biossensor em larga escala. A previsão é que, nos próximos três anos, esse exame possa ser disponibilizado em um kit portátil, viabilizando sua aplicação não apenas em hospitais, mas também em consultórios odontológicos e em iniciativas públicas voltadas à triagem do câncer de boca. Essa iniciativa poderá, portanto, não apenas simplificar o diagnóstico, mas também salvar vidas, ao permitir intervenções mais precoces e direcionadas.









