Os dados apontam que 84% dos alunos brancos afirmaram se sentir bem no ambiente escolar, enquanto essa porcentagem foi ligeiramente menor entre os alunos negros, com 78% relatando se sentirem acolhidos. Essa diferença de percepção também se reflete na questão do respeito aos alunos negros dentro das escolas. Enquanto 70% da totalidade dos estudantes concordam que os negros são respeitados, quando analisamos os recortes por raça observamos que 8% dos alunos brancos discordam dessa afirmação, contra 13% dos alunos negros.
Além disso, a pesquisa revelou que 53,8% dos docentes reconhecem a presença do racismo nas escolas, sendo que esse percentual aumenta para 67% entre os professores do ensino fundamental 2. É interessante notar também as diferenças de percepção sobre o racismo entre os alunos dependendo se o professor é branco ou negro. Enquanto 48% dos alunos acreditam na existência de racismo quando o professor é branco, esse número sobe para 56% quando o professor é negro.
No que diz respeito à gestão das escolas, 37% dos gestores afirmaram ter passado por formações ou discussões sobre o tema do racismo, e 60% indicaram que existem ações de acompanhamento para projetos e programas relacionados ao assunto. A coordenadora do Observatório Fundação Itaú, Esmeralda Macana, ressalta a importância de medidas que possam minimizar as situações de racismo e promover ações antirracistas no ambiente escolar.
O relato da estudante Ianka Emanuelle, de 23 anos, evidencia as consequências do racismo na vida escolar, destacando a falta de representatividade e punição para os casos de discriminação. Seus relatos revelam um cenário de episódios racistas que afetaram sua autoestima e saúde emocional, ressaltando a necessidade de um enfrentamento efetivo do racismo nas escolas.
Os dados apresentados na pesquisa, colhidos em 160 escolas, com a participação de 2.889 alunos, 373 docentes e 222 gestores, destacam a importância de políticas públicas e ações educativas para combater o racismo e promover um ambiente escolar mais inclusivo e igualitário. É fundamental que a escola seja um espaço de acolhimento e enfrentamento das desigualdades raciais, contribuindo para a formação de uma sociedade mais justa e inclusiva.