A pesquisa, que entrevistou 2.002 eleitores em 113 cidades entre os dias 2 e 4 de dezembro, parece refletir o cenário político atual, marcado por tensões. A aprovação de Lula havia registrado uma leve alta no início de setembro, quando a popularidade subiu quatro pontos. Naquele momento, a política externa teve um papel relevante, com a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, o principal adversário de Lula, e a polarização entre os dois no cenário internacional. O clima de confronto simbólico se intensificou com eventos como a manifestação no 7 de Setembro, onde a presença de uma bandeira americana na avenida Paulista mobilizou a militância governista.
Contudo, essa trajetória de recuperação foi abruptamente interrompida. A reaproximação de Lula com figuras internacionais, como Donald Trump, levou à diminuição das tensões e à revisão de tarifas que impactavam as relações comerciais. Paralelamente, o ex-presidente Bolsonaro enfrentou desafios significativos, incluindo uma série de reveses judiciais, o que alterou a dinâmica política.
Dentro do governo, a dificuldade em avançar com a agenda legislativa foi evidente. A relação entre o Planalto e o Senado se deteriorou, especialmente após desentendimentos sobre indicações. A indicação de Jorge Messias ao STF provocou reações adversas e uma série de votações desfavoráveis para o governo.
Por outro lado, Lula conquistou um avanço ao anunciar a isenção do Imposto de Renda para pessoas com ganhos de até R$ 5 mil. Essa medida resultou em um ligeiro aumento na aprovação entre eleitores de baixa renda. No entanto, a desaprovação em relação à gestão permanece elevada.
Um evento trágico na segurança pública, que resultou em numerosas mortes no Rio de Janeiro, também serviu para evidenciar as divisões internas do governo e influenciar a opinião pública, embora a repercussão tenha perdido força diante da falta de mobilização no Congresso.
O perfil demográfico da aprovação a Lula mostra que ele é mais bem avaliado entre os idosos, nordestinos e católicos. Em contraste, ele enfrenta maiores índices de reprovação entre os eleitores de ensino superior e de renda mais elevada. O cenário atual, embora estável, está longe do auge de popularidade que o petista experimentou em seus mandatos anteriores, quando a aprovação atingia níveis elevadíssimos. Comparativamente, o desempenho de Lula é superior ao de seu antecessor.
