Perfil das vítimas da ditadura militar: levantamento aponta maioria jovem e ligada a organizações políticas durante período de repressão no Brasil.

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) apresentou, em uma coletiva de imprensa realizada na última segunda-feira (31/3), dados alarmantes sobre as pessoas mortas e desaparecidas durante a ditadura militar no Brasil, que completa 61 anos nesta semana. De acordo com o Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) – Volume III, foram analisados 434 casos de vítimas da repressão política no país no período de 1946 a 1988.

A coordenadora de Pesquisa e Difusão de Evidências do MDHC, Luciana Félix, destacou a importância do levantamento, que traz à tona a amplitude e a sistematicidade da repressão política durante o regime militar no Brasil. Segundo o estudo, as 434 mortes e desaparecimentos políticos não ocorreram de forma uniforme ao longo do período analisado, com destaque para o aumento da violência entre 1969 e 1978.

Os dados revelam que a maioria das vítimas estava ligada a alguma organização política, com 45,3% formalmente associadas a partidos políticos. O levantamento aponta que os anos entre 1969 e 1978 foram os mais violentos, com o maior percentual de assassinatos e desaparecimentos de militantes partidários, atingindo 40,5% do total de mortes registradas.

Um dos episódios que mais contribuiu para o aumento da violência foi a Guerrilha do Araguaia, que resultou na morte de 78 membros do PCdoB, representando 18,2% das mortes registradas pela CNV. A Ação Libertadora Nacional (ALN) e o PCB também tiveram um grande número de militantes assassinados, com 60 e 41 homicídios, respectivamente.

É importante ressaltar que a maioria dos desaparecidos e mortos tinha entre 18 e 44 anos, sendo que quase metade estava na faixa etária de 18 a 29 anos. Nos anos mais repressivos, o percentual de pessoas com até 29 anos mortas ou desaparecidas chega a cerca de 55%, mostrando a brutalidade e a crueldade do regime militar contra os jovens brasileiros.

O relatório do MDHC reforça a importância de manter viva a memória dessas vítimas e de continuar lutando pela verdade e pela justiça, para que episódios como esse jamais se repitam em nossa história. A divulgação desses dados é um passo fundamental para a reconciliação nacional e para garantir que as violações aos direitos humanos cometidas durante a ditadura militar não sejam esquecidas.

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