Paula Coradi é eleita presidente do PSOL em Congresso marcado por disputas internas e brigas entre militantes

O Congresso Nacional do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) chegou ao fim neste domingo, com a eleição da historiadora Paula Coradi como a nova presidente da legenda. Essa vitória representa o triunfo do grupo liderado pelo deputado federal Guilherme Boulos, que apoia o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a vertente MES (Movimento Esquerda Socialista), que prega a independência do partido e tem a parlamentar Sâmia Bomfim como uma de suas líderes. O evento ficou marcado por uma batalha de gritos de guerra entre as duas principais correntes do partido e também por uma briga entre os militantes.

A chapa “Todas as Lutas”, encabeçada por Paula Coradi, obteve 300 votos contra os 147 do grupo chamado “Bloco Democrático de Esquerda”. A eleição de Coradi pode ser considerada uma vitória das militâncias Primavera Socialista e Revolução Solidária, vistas como correntes “menos radicais”. Essas correntes defendem uma relação próxima com o Partido dos Trabalhadores (PT) e o apoio deste partido às candidaturas municipais do PSOL nas próximas eleições, como a de Guilherme Boulos em São Paulo.

Após ser aclamada presidente do partido, Paula Coradi fez um discurso defendendo que o PSOL continue sendo uma grande referência para os movimentos sociais, indígenas, antirracistas e feministas, e que também se preocupe com a preservação ambiental, mas que essa luta não seja apenas uma preservação da natureza, mas com foco nas pessoas no território.

A vertente MES, que defende a independência do partido em relação ao governo Lula, acusava o grupo de Boulos de tentar mudar o regimento para controlar os cargos mais importantes da legenda. No entanto, ficou definido no evento que esses cargos serão distribuídos de forma proporcional entre os diferentes grupos, levando em consideração a quantidade de votos de cada chapa.

O evento também contou com uma homenagem ao ex-presidente da legenda, Juliano Medeiros, que fez parte do grupo Primavera Socialista, que integra a chapa vencedora. Além disso, houve uma briga entre militantes de diferentes vertentes do partido, que teve que ser separada por outros integrantes. O conflito foi motivado por uma fala sobre Leon Trotsky, revolucionário russo assassinado em 1940 e reverenciado por alguns grupos dentro do PSOL.

A rivalidade entre os grupos Primavera Socialista e Movimento Esquerda Socialista também foi destacada durante o congresso e chamou a atenção de observadores estrangeiros. Apesar das divergências internas, a animação dos militantes foi elogiada por parlamentares do partido, como Chico Alencar.

A votação para a Executiva Nacional não foi transmitida ao vivo, o que gerou reclamações de apoiadores nas redes sociais. O partido disponibilizou um link para uma transmissão ao vivo no Youtube, mas acabou transmitindo apenas o resultado do pleito.

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