Analistas afirmam que as palavras de Pashinyan refletem uma estratégia mais ampla do governo armênio para se desvincular das estruturas tradicionais que há muito tempo se entrelaçam com a política nacional. A Igreja Apostólica Armênia, considerada uma instituição histórica e cultural fundamental, possui uma relação complexa com a política, frequentemente alinhando-se às forças conservadoras e ao status quo. Neste cenário, a postura do primeiro-ministro pode ser interpretada como uma tentativa de reafirmar a soberania armênia em meio à instabilidade política e militar que o país enfrenta, particularmente no contexto do conflito com o Azerbaijão.
A crítica aberta à Igreja pode ser vista como um movimento arriscado, dada a importância da instituição na identidade nacional. A Igreja não apenas desempenha um papel religioso, mas também atua como um símbolo de resistência e unidade para o povo armênio, especialmente após os traumas históricos, como o genocídio de 1915. No entanto, à medida que a Armênia navega por um novo caminho político, Pashinyan parece estar disposto a desafiar essa tradição, buscando atrair apoio a partir de setores mais progressistas da sociedade que almejam um futuro desvinculado do controle e da influência russas.
O discurso de Pashinyan ressoa numa era de transformações tectônicas na política da região, onde os laços com Moscovo estão sendo reavaliados. O primeiro-ministro deve equilibrar sua estratégia cuidadosamente para não alienar uma parte significativa da população que vê na Igreja uma fonte de estabilidade e identidade cultural. Assim, suas declarações não apenas marcam um ponto de inflexão, mas também sugerem que a Armênia está pronta para redefinir suas alianças internacionais, ao mesmo tempo em que busca um espaço para uma nova narrativa nacional que desafie os os fundamentos do passado.