Entre as CPIs, pelo menos três delas terão dificuldades em encontrar indícios suficientes de crimes e recomendar o indiciamento dos investigados. A CPI que investiga o rombo da Americanas e a que apura a manipulação em resultados de jogos de futebol, por exemplo, sequer irão pedir indiciamentos em seus relatórios. Nesses casos, os parlamentares irão apenas recomendar mudanças na legislação.
Já a CPI do MST pedirá o indiciamento de figuras ligadas ao Movimento Sem-Terra e ao governo. No entanto, o relatório feito pelo deputado Ricardo Salles tem chances remotas de ser aprovado no plenário devido à falta de maioria. Essas comissões devem ser finalizadas até a próxima terça-feira, de acordo com o prazo máximo acordado com o presidente da Câmara, Arthur Lira.
A única comissão em andamento que ainda tem tempo para funcionar é a CPI das Pirâmides Financeiras. O presidente do colegiado, Áureo Ribeiro, está tentando prorrogar os trabalhos e, portanto, a possibilidade de indiciamento ainda está em aberto.
Uma estratégia proposta para prorrogar os trabalhos por mais 60 dias é enterrar uma nova CPI que investigaria a empresa 123 milhas. A ideia é aproveitar a comissão já existente para investigar a empresa que deu calote em consumidores.
A CPI do MST está enfrentando uma guerra de relatórios. Enquanto o relatório feito por Salles pedirá o indiciamento de várias pessoas, um relatório paralelo feito pela deputada Sâmia Bomfim poupa os governistas e defende o MST. A aprovação do texto de Salles é incerta devido às mudanças na composição do colegiado após a reforma ministerial.
A CPI das Americanas concluiu em seu relatório final que não é possível identificar com precisão os autores da fraude contábil e pede alterações na legislação fiscal. No entanto, uma carta assinada pelo ex-CEO das Americanas sugere o conhecimento da fraude por parte dos acionistas majoritários da empresa, o que gerou contestações por parte dos governistas.
O presidente da CPI argumenta que a carta surgiu após a apresentação do relatório final com o intuito de “tumultuar o ambiente” e que o colegiado não deve levá-la em consideração.
A CPI da Manipulação de Resultados também está chegando ao fim sem conseguir uma prorrogação e, de acordo com o relator, não deve indiciar dirigentes do futebol ou acionistas de empresas de apostas. O depoimento do presidente da CBF é considerado fundamental para apontar possíveis irregularidades, e o número de indicações para indiciamentos é incerto.
Em resumo, as CPIs em funcionamento na Câmara dos Deputados estão enfrentando diversas dificuldades e, até o momento, os relatórios finais não devem indicar responsabilizações criminais. Os resultados finais serão conhecidos nos próximos dias, mas a expectativa é de poucos avanços nas apurações.