Uma das vozes marcantes do encontro foi a senadora Professora Dorinha Seabra, que mencionou a recente cúpula do BRICS realizada na Rússia em 2024, onde a contribuição das mulheres para a economia global foi abordada em uma minúscula parte do documento final, presente em apenas seis dos 134 parágrafos. A senadora criticou a sub-representação feminina, explicando que, ao longo da história do bloco, as mulheres foram sistematicamente ignoradas tanto em seus países quanto nos compromissos assumidos entre os membros.
“Precisamos mudar essa narrativa”, enfatizou Dorinha, ao ressaltar que apenas dois dos onze países do BRICS alcançam paridade ou têm uma maioria de mulheres em suas câmaras legislativas. Ela observou ainda que a desigualdade de gênero se agrava pela falta de acesso à educação, um fator que limita a presença feminina em áreas que ainda são vistas como masculinas.
A deputada Dandara defendeu que o Brasil, em sua presidência do BRICS, deve articular propostas concretas que abordem as desigualdades estruturais, que muitas vezes são resultado da divisão sexual do trabalho e da marginalização das mulheres em contextos econômicos e tecnológicos. Para ela, a justiça racial também é um componente crucial para a construção de políticas públicas eficazes.
A deputada Coronel Fernanda trouxe uma perspectiva alarmante sobre a saúde das mulheres, informando sobre uma pesquisa que revelou que 712 mulheres morrem todos os dias devido a complicações relacionadas à gravidez, enfatizando que muitas dessas fatalidades ocorrem em contextos de vulnerabilidade. Ela pediu por um acesso mais abrangente a serviços de saúde de qualidade.
No entanto, a parlamentar indiana Shabari Byreddy destacou que o empoderamento feminino deve ser visto não apenas como uma questão de justiça social, mas como um elemento vital para o desenvolvimento econômico das nações. Ela compartilhou exemplos proativos de políticas públicas que têm beneficiado mulheres na Índia, como o acesso ao crédito e à habitação.
Por fim, Zandile Majozi, da África do Sul, enfatizou a necessidade de eliminar as barreiras estruturais no mercado de trabalho que perpetuam a desigualdade e o preconceito, lembrando que a jornada rumo à equidade de gênero ainda enfrenta muitos desafios, apesar dos avanços registrados nas últimas décadas.