Paraguai Paralisa Negociações de Itaipu Após Suposto Ciberataque do Brasil e Exige Esclarecimentos sobre Ação de Inteligência.

Na última terça-feira, o governo paraguaio tomou uma decisão significativa ao anunciar a suspensão das negociações sobre o Anexo C do Tratado de Itaipu, um acordo fundamental que regula as questões financeiras e tarifárias da usina hidrelétrica compartilhada entre o Brasil e o Paraguai. Essa medida ocorre em meio a reivindicações de esclarecimento sobre um suposto ataque cibernético que teria sido realizado por órgãos de inteligência brasileiros contra sistemas governamentais paraguaios.

A decisão de interromper as tratativas foi informada pelo Ministério das Relações Exteriores do Paraguai, que indicou que a operação de espionagem estaria em andamento entre junho de 2022 e março de 2023. Em resposta, o governo paraguaio convocou seu embaixador no Brasil, Juan Ángel Delgadillo, para consultas, buscando esclarecimentos mais profundos sobre as alegações. Simultaneamente, o embaixador brasileiro em Assunção, José Antonio Marcondes, foi chamado a prestar contas sobre a conduta da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) em relação à suposta violação.

O prazo para a assinatura do acordo, que visa revisar o Anexo C, estava previsto para 30 de maio. Contudo, o Paraguai deixou claro que as negociações só poderão ser retomadas após uma apuração rigorosa dos fatos que cercam as alegações de ciberataque. Para isso, o Ministério de Tecnologias da Informação e Comunicação do Paraguai iniciou uma investigação para examinar a possível violação de seus sistemas.

O ministro das Relações Exteriores, Rubén Ramírez Lezcano, afirmou que, até o momento, não há evidências concretas de que o Brasil tenha realizado ações de invasão aos sistemas paraguaios, embora a necessidade de esclarecimentos formais seja fundamental antes de qualquer progresso nas negociações. Por outro lado, o governo brasileiro negou todas as alegações referentes a possíveis invasões, buscando desviar qualquer suspeita sobre suas intenções.

Essa situação representa um ponto de tensão na relação bilateral entre Brasil e Paraguai, especialmente na administração de uma das maiores usinas hidrelétricas do mundo, que é vital para a produção de energia em ambos os países. O desenrolar dessa controversa questão cibernética poderá ter implicações de longo alcance nas relações entre os vizinhos sul-americanos e na operação da usina de Itaipu.

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