De acordo com as informações que permeiam a investigação, as ações teriam como finalidade a obtenção de dados sensíveis relacionados às tarifas da usina hidrelétrica de Itaipu, que é administrada de forma conjunta pelo Brasil e Paraguai. As supostas invasões teriam afetado dispositivos pertencentes a altos funcionários do governo paraguaio, inclusive o presidente, integrantes do Congresso, agentes do corpo diplomático e servidores da Administração Nacional de Eletricidade (ANDE).
A investigação do Ministério Público também se mostra relevante em termos de cooperação internacional, considerando que Paraguai e Brasil são signatários da Convenção sobre Cibercrime, o que poderá facilitar o intercâmbio de informações e ações legais entre os dois países. A denúncia divulga ainda que a operação da Abin pode ter acontecido em um contexto de renegociação das tarifas de Itaipu, meses antes da formalização de um novo acordo em maio de 2024.
Embora a ação de espionagem esteja supostamente ligada à administração do ex-presidente Jair Bolsonaro, a autorização para sua execução teria sido confirmada durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, atual presidente do Brasil. Em resposta às acusações, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro esclareceu que a operação foi aprovada pela gestão anterior, mas foi prontamente cancelada assim que a nova administração tomou conhecimento da situação. O Itamaraty enfatizou seu compromisso com um diálogo transparente e respeitoso nas relações diplomáticas entre os dois países, marcada por uma voluntária confiança em um diálogo construtivo e respeitoso.









