A reunião, de caráter emergencial, foi convocada após Kakar encurtar sua viagem a Davos, na Suíça, para o Fórum Econômico Mundial, para lidar com a escalada de tensões com Teerã, que lançou um bombardeio contra a província do Baluquistão. Estarão reunidos o premier, o chefe do Exército e o diretor de Inteligência militar do país.
A resposta paquistanesa ao ataque anterior de Teerã pretendia enviar uma mensagem clara de que as violações da sua soberania não seriam toleradas. No entanto, analistas também chamam a atenção para o fato de os militares paquistaneses, logo após o ataque, demonstrarem a vontade de conter a tensão. Islamabad sinalizou que procurava uma desescalada, chamando as duas nações de “países irmãos” e apelando ao diálogo e à cooperação.
Há dois anos, o país convive com uma crise econômica e uma turbulência política que pressionou o poderoso sistema militar do país. Ataques terroristas voltaram a ser registrados no país e, além do desacordo histórico com a Índia, assistiu a uma piora em suas relações com o Talibã, que retomou o governo do Afeganistão.
Segundo Michael Kugelman, diretor do Instituto para o Sul da Ásia do Centro Wilson, “o Paquistão passa por algumas das mais graves turbulências internas dos últimos anos, senão décadas. A última coisa que se pode permitir é mais escaladas e um risco acrescido de conflito com o Irã”.
A escalada de tensões com o Irã ocorre antes das tão aguardadas eleições parlamentares, esperadas para o início de fevereiro, e as primeiras desde que o antigo primeiro-ministro Imran Khan foi destituído. A sua destituição desencadeou uma crise política que abalou a própria base da política do Paquistão, um jogo em que o vencedor leva tudo que há muito é governado nos bastidores pelos militares do país.
Além disso, o país atravessa uma situação econômica difícil, fortemente dependente de um empréstimo do Fundo Monetário Internacional que mantém em funcionamento uma economia que teria dificuldade em sustentar um envolvimento militar prolongado. Nessas circunstâncias, as estratégias militares paquistanesas caminham por uma linha muito tênue.
Como resultado, o Paquistão enfrenta um dilema estratégico complexo ao responder aos ataques do Irã, tendo em mente as ameaças internas e externas que o país enfrenta. Essas questões complicam ainda mais a tomada de decisões relativas a futuras ações internacionais, e as consequências das mesmas certamente serão de grande impacto no cenário político regional.