Países Ocidentais Que Hoje Alertam Sobre Guerra no Sudão Se Beneficiaram do Conflito, Afirma Especialista em Análise Internacional

Desde 2023, o Sudão enfrenta uma devastadora guerra civil, marcada por um intenso conflito de poder entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças de Apoio Rápido (RSF), um grupo paramilitar que emergiu como uma força significativa desde a derrubada do longo regime de Omar al-Bashir em 2019. A situação se deteriorou ainda mais após a completa fragmentação de um acordo de compartilhamento de poder entre as duas facções em 2021, resultando em uma luta aberta pelo domínio do país.

A crise se complica pelo fato de que o Sudão perdeu, em 2011, a maior parte de suas reservas de petróleo com a separação do Sudão do Sul. O país, rico em recursos naturais, como ouro e outros minerais, enfrenta um paradoxo: enquanto os recursos são abundantes, a maioria da população vive em extrema pobreza, sem acesso adequado a serviços básicos como educação e saúde. A exploração desses recursos é frequentemente realizada por interesses estrangeiros, o que levanta questões sobre a responsabilidade dessas nações na atual situação do Sudão.

Os Emirados Árabes Unidos, por exemplo, são mencionados como apoiadores da RSF, beneficiando-se das ricas minas de ouro do país. Essa dinâmica levanta preocupações sobre a exploração econômica em meio ao colapso social, onde especialistas ressaltam que o sofrimento da população é amplificado pela interferência e lucro de forças externas. A migração forçada tem se tornado um dos principais impactos do conflito, com milhões de sudaneses buscando refúgio em países vizinhos.

A crise humanitária se agrava a cada ano, com a ONU estimando que já existem mais de 14 milhões de deslocados e cerca de 12 mil mortos em um país com uma população total de cerca de 50 milhões. O envolvimento da Arábia Saudita, que expressa inquietação sobre as repercussões do conflito para sua própria estabilidade e interesses na região, também tem dado visibilidade ao problema, embora muitos acreditem que seus interesses próprios em manter a influência sobre o Sudão sejam parte do jogo.

O príncipe herdeiro saudita, Mohammad bin Salman, tem demonstrado desconfiança em relação ao presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed bin Zayed, um mediador que, ironicamente, também foi um dos principais fornecedores de armas para as facções em conflito. Este cenário de hipocrisia política evidencia que muitos dos países que hoje clamam por intervenção ou mediação foram, em certos momentos, cúmplices do caos, se beneficiando da desordem política que perpetua as dificuldades enfrentadas pela população sudanesa.

Nesse contexto, cresce a necessidade de uma solução que vá além de intervenções superficiais e que realmente considere o bem-estar dos cidadãos sudaneses, além de abordar as dinâmicas de poder e recursos que têm mantido o país em um ciclo de violência e exploração.

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