Paciente psiquiátrica morre após passar noite de Natal amarrada em hospital público do DF: investigação em curso.

Uma tragédia marcou a noite de Natal no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), localizado em Taguatinga, no Distrito Federal. Uma paciente psiquiátrica de apenas 24 anos de idade faleceu após passar a madrugada inteira amarrada em um leito da enfermaria. Segundo informações apuradas pelo Metrópoles, a jovem sofreu uma crise, ficou imobilizada por horas e enfrentou convulsões, mesmo com um histórico conhecido de crises e fazendo uso de medicação controlada.

Durante a noite de terça-feira, a paciente começou a gritar, o que chamou a atenção de uma testemunha que relatou ter presenciado a queda da jovem. Diante da recusa da paciente em aceitar medicações, ela foi contida e permaneceu amarrada durante toda a madrugada de Natal. Na manhã do dia 25, a paciente sofreu outra convulsão e recebeu medicação da equipe médica. Ela foi desamarrada, porém permaneceu na enfermaria.

A situação se agravou por volta das 19h50, durante a troca de plantão, quando outra paciente alertou a equipe médica sobre o mal-estar da jovem. Ao chegar ao leito da enfermaria, os profissionais encontraram a paciente sem pulso, iniciaram manobras de reanimação, mas infelizmente não obtiveram sucesso. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, realizou novas tentativas de reanimação, porém a paciente veio a óbito às 20h41.

Diante do ocorrido, questionamentos foram levantados quanto às práticas adotadas no tratamento de pacientes psiquiátricos no HSVP. A Secretaria de Saúde afirmou que está em curso uma investigação para apurar as responsabilidades no caso e garantiu que preza pelo cumprimento da legislação e normas internacionais de proteção dos direitos humanos e segurança dos pacientes.

Esta não é a primeira vez que denúncias envolvendo violações de direitos em centros psiquiátricos do Distrito Federal têm sido levantadas. Órgãos como o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, o Conselho Nacional de Justiça e o Ministério Público do DF têm cobrado uma reformulação na política antimanicomial da capital brasileira, visando garantir um tratamento digno e humanizado aos pacientes.

Diante desse cenário, a Secretaria de Saúde informou que está elaborando um plano de ação para desmobilização dos leitos psiquiátricos do DF, incluindo os do HSVP, e planeja reforçar o atendimento em saúde mental de forma descentralizada, com a abertura de novos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e a ampliação dos serviços disponíveis nas unidades de saúde básica e nos hospitais gerais.

O caso da paciente que faleceu após passar a noite de Natal amarrada no HSVP levanta questões sobre as práticas adotadas no tratamento de pacientes psiquiátricos no Distrito Federal e a necessidade de uma atenção mais humanizada e eficaz nesse campo da saúde pública.

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