Trump havia divulgado, através de sua rede social, a intenção de mobilizar tropas para Portland, justificando a ação como uma forma de proteger as instalações federais de imigração contra o que chamou de “terroristas domésticos”. O presidente ainda afirmou estar disposto a aplicar força “com a máxima severidade, se necessário”, o que traz à tona preocupações sobre o uso excessivo de poder. Rayfield, em comunicado, contestou a jurisdição do presidente, alegando que tal intervenção excede suas atribuições, uma vez que baseia-se em um “pretexto infundado e extremamente exagerado”.
Desde junho, os protestos em Portland contra o Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) têm sido considerados administráveis, o que levanta dúvidas sobre a necessidade da presença militar. “Enviar 200 soldados para proteger um único prédio não é normal”, destacou Rayfield, refletindo a inquietação em relação à escalada da situação. Informações de dentro do Pentágono indicam que a ordem de Trump pegou várias autoridades de surpresa, sugerindo uma falta de coordenação no plano de envio das tropas.
A mobilização de forças federais para Portland não é um fenômeno inédito. Em anos anteriores, Trump já havia ordenado a presença militar em diversas cidades governadas por democratas, incluindo Los Angeles e Washington, D.C. No entanto, as estatísticas de criminalidade em Portland contradizem a narrativa de Trump sobre um aumento da violência, com dados indicando uma queda de 51% nos homicídios nos primeiros seis meses de 2025 em comparação ao mesmo período do ano anterior.
A situação em Portland não é isolada; em 2020, a cidade foi palco de intensos protestos após o assassinato de George Floyd, cuja abordagem pelas autoridades federais também foi criticada como sendo desproporcionada. O clima atual em torno da ordem de Trump relembra esses eventos, aumentando as ansiedades sobre a real intenção e o impacto de sua política de imigração e segurança. O desdobramento dessa ação judicial pode ter implicações significativas para o relacionamento entre o governo federal e os estados, além de reacender debates sobre os limites da ação presidencial em tempos de crise.