Oposição no Senado pede suspensão do julgamento de Jair Bolsonaro após denúncias de fraude processual durante audiência sobre operação do TSE.

No cenário político brasileiro, a oposição no Senado está se articulando para protocolar um pedido de suspensão do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus, que enfrentam acusações de tentativa de golpe de Estado. Essa iniciativa ganhou força após a apresentação de graves denúncias por parte de Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), durante uma audiência na Comissão de Segurança Pública (CSP).

Tagliaferro trouxe à tona informações que indicam que os documentos utilizados para justificar operações de busca e apreensão, que afetaram empresários como Luciano Hang, podem ter sido manipulados. Ele alegou que a fundamentação legal dessas ações foi elaborada com datas retroativas, o que, segundo ele, configuraria uma fraude processual. O ex-assessor apontou que a base legal para as medidas foi redigida cinco dias após a realização das operações, mas com alterações nas datas para dar uma aparência de conformidade legal.

Em resposta a essas alegações, a oposição planeja notificar o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Roberto Barroso, solicitando a paralisação imediata do julgamento que está em andamento na Primeira Turma da Corte. Os parlamentares entendem que os relatos de Tagliaferro lançam sérias dúvidas sobre a integridade do processo conduzido por Moraes.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que preside a CSP, caracterizou os relatos como indicativos de um “modo de agir fora da lei” por parte do ministro. Com base nas declarações de Tagliaferro, a Advocacia-Geral do Senado foi acionada para analisar a possibilidade de formalizar uma denúncia de fraude processual contra Moraes, que poderia ser assinada por membros da oposição.

Eduardo Tagliaferro, que foi exonerado do TSE em 2024 após o vazamento de mensagens trocadas com Moraes, enfrenta acusações da Procuradoria-Geral da República por violação de sigilo funcional, obstrução de justiça e coação no âmbito do processo. Atualmente residindo na Itália, ele participou da audiência de forma remota e aguarda a análise de um pedido de extradição solicitado pelo governo brasileiro.

As próximas movimentações no Senado e no STF prometem intensificar ainda mais o debate sobre a legitimidade das ações judiciais e a política brasileira em um momento de crescente polarização.

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