Operação da Polícia Federal gera polêmica e reforça narrativa de perseguição política entre bolsonaristas, após prisão de ex-ministro e quase prisão de delator.

Na manhã de ontem, a Polícia Federal conduziu uma operação que culminou na prisão do ex-ministro Gilson Machado, figura próxima ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O desdobramento da ação gerou uma onda de reações entre os apoiadores de Bolsonaro, que veem o ocorrido como mais uma evidência de uma suposta perseguição política montada por adversários. Aliados do ex-presidente interpretam a situação como um reforço ao discurso de vitimização da direita brasileira.

A ordem de prisão foi emitida pelo ministro Alexandre de Moraes, que alega que Machado entrou em contato com a embaixada de Portugal para acelerar a cidadania do coronel Mauro Cid, um delator cuja colaboração pode resultar em complicações legais para Bolsonaro. Cid, que passou três horas em interrogatório na PF, tinha sua própria prisão pré-determinada, mas a execução foi suspensa em cima da hora. Os esclarecimentos de Machado à polícia incluíram a justificativa de que as informações solicitadas seriam para a renovação de um passaporte de seu pai, enquanto Cid insistiu que já possuía cidadania portuguesa.

Surpreendentemente, ao final do dia, Moraes decidiu revogar a prisão de Machado, alegando que os celulares do ex-ministro já haviam sido apreendidos e que, portanto, não havia necessidade de mantê-lo sob custódia. Esse movimento levantou questões sobre a efetividade da operação. Se a principal meta era a conservação de provas digitais, muitos se indagam: por que conduzir uma prisão nessa circunstância?

Além disso, o episódio revelou que, apesar de todas as tensões, Cid e Bolsonaro ainda estariam unidos, o que levanta suspeitas sobre a veracidade ou motivações por trás de sua colaboração com as investigações. O entendimento de que a situação pode ter repercussões políticas faz com que a escolha do ministro Moraes em adotar uma postura cautelosa ganhe contornos ainda mais complexos, especialmente após a recente polêmica envolvendo a figura de Débora do Batom, que quase provocou um clamor popular pela anistia.

Essa sequência de eventos transforma Gilson Machado em uma nova figura emblemática para a direita, que busca deslegitimar instituições e contestar a lisura dos processos judiciários em curso. Ao mesmo tempo, o episódio serve como um lembrete das intrincadas relações de poder e das questões profundas que permeiam o cenário político brasileiro contemporâneo.

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