Rio de Janeiro — A Operação Contenção, realizada no dia 28 de outubro, marcou uma reviravolta significativa na abordagem da segurança pública no estado do Rio de Janeiro. A ação conjunta das polícias Civil e Militar resultou em um número alarmante de casualties: 121 mortos, dos quais 117 foram identificados como membros da facção criminosa Comando Vermelho (CV), enquanto quatro eram agentes de segurança. Essa estatística não apenas ultrapassa os registros anteriores de operações policiais no estado, mas também levanta questões preocupantes sobre o cenário da violência e a eficácia das ações de combate ao crime organizado.
O intuito das autoridades era desmantelar o núcleo de comando do CV, que se reunia nos complexos da Penha e do Alemão para planejar ações e punir rivais. O confronto se estendeu por quase 18 horas e envolveu um contingente de 2,5 mil policiais, evidenciando a magnitude e a seriedade da operação.
A análise das identidades dos mortos traz à tona perfis que revelam uma complexa estrutura criminosa. Uma radiografia da Polícia Civil indica que 78 dos falecidos possuíam um histórico criminal significativo, incluindo passagens por homicídio, tráfico de drogas e posse de armamento de guerra. Além disso, 42 indivíduos estavam com mandados de prisão pendentes, enquanto 40 deles vieram de outros estados, buscando notoriedade e refúgio no Rio de Janeiro.
Dentre os identificados, vários se destacavam por suas posições de liderança em facções regionais. Entre eles, figuras como Rodinha, líder do CV em Itaberaí, e Mazola, articulador do tráfico em Feira de Santana, demonstram a conexão interestadual que o CV possui. Esses indivíduos, considerados foragidos, utilizavam o Rio como base para expandir suas operações.
A operação também revelou outro aspecto inquietante: o recrutamento precoce de jovens nas áreas dominadas pela facção. A lista de mortos incluía adolescentes nascidos em 2006 e 2007, muitos dos quais já eram implicados em atos infracionais, apontando para um ciclo vicioso que fortalece a organização criminosa.
Ainda que obtidos avanços significativos, o principal líder do CV no Rio, Edgard Alves de Andrade, conhecido como Doca, não foi encontrado durante a operação. Ele é apontado como responsável por diversas execuções brutais, criando um clima de medo constante entre os moradores da região.
Com a identificação e o aprofundamento do dossiê sobre as ligações interestaduais do CV, que atualmente se consolidou como o maior grupo criminoso do Brasil, presente em 25 estados e no Distrito Federal, a Polícia Civil se prepara para intensificar suas ações. O chamado para ações mais enérgicas no combate ao crime reflete a necessidade urgente de não apenas desmantelar estruturas criminosas, mas também de eliminar a cultura de impunidade que persiste nas comunidades afetadas.
