ONU Revela que 90% dos Vazamentos de Metano Detectados por Satélite Não São Reconhecidos por Empresas e Governos, Quase Sem Ações Corretivas.

Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), um alarmante relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) trouxe à tona uma questão crítica: quase 90% dos vazamentos de metano identificados por satélites não têm reconhecimento por parte de governos e empresas do setor de petróleo e gás. O estudo, realizado pelo Observatório Internacional de Emissões de Metano, que utiliza uma rede de mais de 17 satélites, ressalta a preocupante falta de resposta a avisos sobre essas emissões significativas.

Dos aproximadamente 3.500 alertas emitidos sobre vazamentos, apenas 12% resultaram em ações corretivas efetivas. Essa cifra representa um avanço modesto quando comparada ao ano anterior, quando a taxa de resposta foi alarmantemente baixa, em torno de 1%. O metano é um gás que, apesar de ter uma vida útil na atmosfera inferior à do dióxido de carbono, é cerca de 25 vezes mais potente na retenção de calor nos primeiros 100 anos de sua emissão, o que torna sua mitigação uma estratégia crucial na luta contra mudanças climáticas.

Desde 2021, mais de 150 países se comprometeram a cortar suas emissões de metano em 30% até o final da década. No entanto, críticos como Inger Andersen, diretora do Programa da ONU para o Meio Ambiente, sublinham a lentidão das reações diante dos vazamentos. Ela argumenta que muitos problemas poderiam ser resolvidos com intervenções simples, como ajustes técnicos em equipamentos de perfuração e transporte.

Ademais, o relatório também documentou casos em que a resposta a alertas resultou em correção de grandes emissões, evidenciando o potencial dos sistemas de monitoramento. Andersen enfatiza a importância de não subestimar essas “vitórias simples”, especialmente no setor de petróleo e gás, onde muitos vazamentos ocorrem por ventilação ou queima inadequada de gases.

Além disso, uma coalizão de investidores, totalizando ativos de mais de € 4,5 trilhões, está pressionando a União Europeia a não flexibilizar sua legislação sobre emissões de metano. Essa preocupação surge no contexto de tentativas de facilitar a importação de gás natural liquefeito dos Estados Unidos como parte de estratégias para aliviar tensões comerciais.

O Observatório Internacional de Emissões de Metano identifica os vazamentos no setor de petróleo e gás como as fontes de maior potencial para mitigação e planeja expandir sua atuação para abranger outras áreas significativas de emissão, como carvão metalúrgico, resíduos e setores agrícolas. O chamado para ação é claro: a comunidade global deve intensificar seus esforços para enfrentar este desafio climático urgente.

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