ONU Condena Megaoperação no Rio que Deixou 64 Mortos em Confronto com Facção Criminosa

A Organização das Nações Unidas (ONU) expressou sua consternação em relação à megaoperação policial ocorrida em comunidades da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. Em uma declaração publicada na terça-feira (28), a entidade destacou estar “horrorizada” com os desdobramentos da ação, que resultou na morte de pelo menos 64 pessoas, incluindo quatro policiais. Este evento é considerado a operação mais letal já registrada no estado do Rio de Janeiro, gerando debates acalorados sobre as consequências das intervenções policiais nas favelas brasileiras.

O Escritório de Direitos Humanos da ONU ressaltou que a operação demonstra uma tendência preocupante de letalidade excessiva nas ações policiais em comunidades marginalizadas no Brasil. A organização fez um apelo às autoridades brasileiras para que conduzam investigações rápidas e eficazes, sublinhando que o país possui obrigações sob o direito internacional dos direitos humanos.

Intitulada “Operação Contenção”, a ofensiva mobilizou cerca de 2.500 agentes de segurança, que tinham como principal objetivo cumprir 51 mandados de prisão contra membros da facção criminosa Comando Vermelho. Os confrontos foram marcados pela resistência de criminosos, que utilizaram barricadas, drones e armas de fogo. As autoridades afirmaram que 81 pessoas foram detidas e um arsenal considerável de 75 fuzis foi apreendido, evidenciando a capacidade de armamento do Comando Vermelho em suas áreas de atuação.

Entre os policiais mortos durante a operação estavam Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, chefe da 53ª Delegacia de Mesquita, e dois agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). A missão contou também com a colaboração do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), que já denunciou dezenas de pessoas por associação para o tráfico e tortura.

O Complexo da Penha, considerado um ponto estratégico devido à sua proximidade com vias expressas, tem sido alvo de disputa entre facções criminosas e milícias em áreas adjacentes. De acordo com o MPRJ, essa operação não apenas visa conter a expansão do Comando Vermelho, como também reflete a crescente complexidade do problema da segurança pública na região. A situação expõe a necessidade urgente de um debate amplo sobre políticas de segurança que respeitem os direitos humanos e a vida das pessoas nas comunidades afetadas.

Sair da versão mobile