Onda de calor leva Brasil a bater recordes de consumo de energia e expõe desafios do sistema elétrico em tempos de altas demandas.

A onda de calor que atingiu o Brasil nos últimos dias forçou o país a bater dois recordes seguidos de consumo de energia. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) precisou criar uma verdadeira força-tarefa para dar conta da demanda, recorrendo ao uso dos reservatórios de hidrelétricas, térmicas a carvão, a gás e a diesel, além de importação de energia de países vizinhos, como Uruguai e Argentina.

Na segunda-feira, o recorde foi alcançado às 14h17m, quando o consumo ultrapassou pela primeira vez o patamar de 100 mil MW, chegando a 100.955 MW. Ontem, às 14h20m, a demanda no Sistema Interligado Nacional chegou a 101.475 MW, novamente estabelecendo um novo recorde. A marca anterior, de 97.659 MW, datava de 26 de setembro.

Durante o momento do novo recorde, o atendimento foi feito por hidrelétricas (59,8%), solar (19,6%), térmicas (11,5%) e eólicas (9,5%). O aumento no consumo chegou a 16,8% nos primeiros dias de novembro, e o ONS destacou que a temperatura continuará a subir em todo o país, com previsão de menos chuvas.

A expectativa é de que o consumo aumente 11% em relação a novembro de 2022. Devido a essa previsão, o ONS tem recorrido de forma mais intensa aos recursos das bacias dos principais rios, como Paranaíba, Paranapanema, Paraná e Grande, além de usinas do Rio Tocantins e da Bacia do São Francisco.

Além disso, o Brasil tem recorrido também à importação de energia do Uruguai e Argentina, com a compra de energia dos dois países chegando a 2.700 MW. Ontem, a importação totalizou 800 MW.

Entretanto, essa onda de calor tem gerado problemas no fornecimento de energia. Na segunda-feira, 18 cidades do Rio de Janeiro ficaram sem luz, devido a uma falha em uma subestação. Ontem, houve falta de energia em bairros de São Paulo e 28 cidades do interior devido ao desligamento de uma subestação de Furnas. Além disso, em uma audiência na CPI da Enel na Alesp, a energia caiu temporariamente.

Apesar dos recordes de consumo, a oferta de energia está em um patamar confortável devido ao elevado nível de reservatórios. O sistema Sul está em 87,04%, seguido de Centro-Oeste/Sudeste (66,7%), Nordeste (58,5%) e Norte (52,2%).

No entanto, o país precisa estar atento aos desafios do sistema elétrico diante de momentos de alta demanda, já que a energia solar e eólica nem sempre geram energia de forma constante. O calor eleva os riscos de falhas no sistema elétrico, o que exige investimentos em baterias e usinas reversíveis para aumentar a segurança do sistema.

Apesar dos desafios, o ONS garante que o sistema interligado nacional é robusto, seguro e possui uma ampla diversidade de fontes de energia para garantir o atendimento da demanda, mesmo em momentos de pico. O país continua recorrendo a opções como importação de energia e acionamento de usinas térmicas para garantir o abastecimento energético durante essa onda de calor intensa.

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