A reunião que selou os planos para o golpe ocorreu em 28 de novembro de 2022, na SQN 305 BL I, em Brasília. Segundo a Polícia Federal, o encontro tinha como propósito executar ações para pressionar alguns membros do alto comando a aderirem ao golpe que já estava em andamento. Os oficiais das Forças Especiais planejavam utilizar técnicas específicas para manipular o ambiente politicamente sensível e influenciar os generais a apoiarem a causa golpista.
Um dos pontos cruciais para a ação dos militares foi a confecção de uma carta intitulada ‘Carta dos oficiais superiores ao Comandante do Exército Brasileiro’. Além disso, eles buscaram pressionar vários comandantes militares, como o general Richard Nunes, o general Tomás Paiva e o general Valério Stumpf, que eram detentores de uma posição contrária ao golpe dentro do Alto-Comando do Exército.
Outra estratégia adotada pelos militares foi a disseminação de informações falsas sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas. Os oficiais Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Marcos Paulo Cavaliere e Hélio Ferreira Lima compartilharam estudos sem base que indicavam a ocorrência de fraudes nas eleições presidenciais. Esses materiais foram posteriormente divulgados por integrantes do governo, como o assessor especial da Presidência da República, Tércio Arnaud Tomaz, e o tenente-coronel Mauro Cesar Cid.
O Relatório de Fiscalização do Sistema Eletrônico de Votação, produzido pelo Ministério da Defesa, também foi utilizado para reforçar a narrativa de fraude nas eleições. A análise das mensagens e ações dos envolvidos indicam que Jair Bolsonaro teria interferido na divulgação deste relatório, atrasando sua publicação para evitar que a ausência de fraudes fosse revelada.
Diante de todos esses fatos, a investigação apontou a participação de 37 pessoas, incluindo Bolsonaro, em crimes de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito e organização criminosa. Ainda há muito a ser esclarecido sobre a trama elaborada pelas Forças Especiais e seus apoiadores dentro do Exército, demonstrando a complexidade e seriedade das ações realizadas para manter o poder político nas mãos de determinados grupos militares e políticos.