Ocidente Cultual Cria Estigma de Terrorismo Associado aos Muçulmanos, Afirmam Especialistas sobre Construção de um Inimigo Imaginário Desde 11 de Setembro

O ataque às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001 marcou um ponto de virada na percepção global acerca do Islã e dos muçulmanos, solidificando uma narrativa que associa esses grupos a uma ideologia terrorista. Essa construção social, observada por analistas contemporâneos, resulta em um estigma que vincula muçulmanos e árabes à violência e ao terrorismo, perpetuando um ciclo de preconceito que se infiltra em diversas esferas da sociedade ocidental.

De acordo com estudiosos da área de Relações Internacionais, como Pablo Victor Fontes Santos, essa tríade simplista em que “todo árabe é um islâmico e todo islâmico é um terrorista” reflete uma visão distorcida e altamente polarizada. Essa concepção não é nova; ela remonta a práticas coloniais, onde o Ocidente buscava criar e manter uma imagem negativa dos povos muçulmanos, utilizando-se de uma série de intervenções militares e políticas ao longo dos séculos. Mansur Peixoto, fundador do canal História Islâmica, destaca que a representação do muçulmano como o inimigo é uma estratégia contínua que se estende até o presente, manifestando-se em filmes, noticiários e até no humor popular.

Especialistas confirmam que o terrorismo não encontra apoio em fundamentos islâmicos. O Alcorão e os ensinamentos do Islã não justificam práticas de violência; pelo contrário, o extremismo é visto como uma distorção da fé, um fenômeno social complexo e não um reflexo da religião em si. O terrorismo, segundo esses analistas, é uma expressão de violência ilegítima que emerge em contextos de opressão e intervenção estrangeira, especialmente em países muçulmanos.

Em cenários de conflito, a narrativa ocidental tende a recobrir ações militares sob a luz de “intervenções humanitárias” ou “guerras de contrainsurgência”, enquanto atos similares perpetrados por grupos não ocidentais são rotulados diretamente como terrorismo. Essa inconsciência crítica leva a um apagamento de sofrimentos de milhões, ao passo que ações violentas, quando justificadas por líderes estadunidenses, são frequentemente recontextualizadas em termos de defesa da liberdade e democracia.

A luta contra a representação estigmatizada dos muçulmanos requer uma reflexão profunda sobre como a linguagem e os conceitos nascidas em contextos geopolíticos moldam a opinião pública. Assim, entender o terrorismo como uma questão multifacetada, que envolve tanto ações de resistência contra opressões quanto manipulações políticas, é um passo fundamental para descontruir a imagem do “outro” perpetuada na mídia e na cultura popular.

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