Em um movimento estratégico, Ocasio-Cortez apresentou uma proposta de emenda ao projeto de lei do Orçamento de Defesa, que ainda se encontra em tramitação. A parlamentar exigiu que o Departamento de Defesa elaborasse um relatório minucioso, especificando quais políticas e práticas do Brasil são consideradas uma “ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional e à economia dos Estados Unidos. O documento solicitado também deve avaliar o impacto das tarifas sobre as relações bilaterais entre os dois países.
É importante destacar que, embora a tarifa tenha sido amplamente aplicada, nem todos os produtos brasileiros estão sob esta pressão fiscal. Aproximadamente 694 itens foram isentos, totalizando 43% das exportações brasileiras para os EUA em 2024. Entre os produtos excluídos estão suco de laranja, derivados de petróleo e componentes da aviação civil. No entanto, o governo brasileiro indica que a medida ainda afeta 36% das exportações, incluindo itens de grande relevância, como máquinas agrícolas, carnes e café.
O orçamento de Defesa, que já conta com 985 propostas de emenda, pode dificultar a aprovação do adendo proposto por Ocasio-Cortez, dado que os democratas enfrentam uma trajetória complicada no Congresso, onde são minoria. Isso levanta questões sobre a eficácia de iniciativas que busquem reverter ou reconsiderar a tarifa.
Além disso, o presidente Trump vinculou a determinação da sobretaxa à situação política interna do Brasil, citando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), que pode resultar em consequências legais significativas. O julgamento, que conta com Bolsonaro e outros sete réus, terá início em breve, intensificando ainda mais o clima de tensão entre os dois países. As repercussões dessa situação, tanto políticas quanto econômicas, podem moldar o futuro das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos.
O cenário atual revela um intrincado jogo de forças, onde interesses comerciais e considerações políticas se entrelaçam. A decisão de Trump de impor tarifas tão altas levanta suspeitas sobre o verdadeiro motivo por trás da medida, especialmente quando consideramos a complexidade da relação bilateral. À medida que a situação se desenrola, tanto Ocasio-Cortez quanto outros membros do Congresso podem buscar maneiras de abordar esse problema de forma mais ampla, refletindo a necessidade de um diálogo mais construtivo e diplomático.
Enquanto a turbulência política prevalece, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, o impacto das tarifas terá repercussões abrangentes. Os exportadores brasileiros irão revisitar suas estratégias de mercado, e consumidores americanos podem começar a sentir os efeitos da elevação de preços. O desfecho desse embate entre impostos e políticas, aliado ao julgamento de Bolsonaro, poderá redefinir não apenas as relações comerciais, mas também os laços diplomáticos que existem há décadas.
Como o Congresso dos EUA se prepara para revisar o orçamento de Defesa, questões como as levantadas por Ocasio-Cortez podem abrir espaço para um debate mais profundo sobre como os Estados Unidos devem interagir com seus parceiros comerciais, especialmente em tempos em que a segurança nacional é frequentemente invocada como justificativa para medidas protecionistas. Assim, o futuro das relações entre Brasil e Estados Unidos permanece incerto, dependendo não apenas das decisões políticas, mas da habilidade para equilibrar interesses comerciais e políticos em um ambiente global cada vez mais dinâmico.