O receio de discutir política em grupos de WhatsApp e Telegram cresce entre brasileiros, que buscam preservar laços afetivos em meio à polarização intensa.

Nos últimos anos, a polarização política no Brasil tem gerado um clima de tensão que afeta profundamente tanto amizades quanto laços familiares. Uma pesquisa recente revelou que muitos brasileiros evitam discutir política em aplicativos de mensagens como WhatsApp e Telegram devido ao ambiente considerado hostil. Não é à toa que 56% dos entrevistados relataram receio de se pronunciar sobre o assunto nessas plataformas, um reflexo do desgaste emocional vivido em ciclos eleitorais recentes.

Os dados apontam que a preservação das relações pessoais é fundamental, levando 65% dos participantes a deliberadamente omitir mensagens que possam desferir críticas aos valores de outrem. A situação é tão delicada que 29% dos respondentes admitiram ter deixado grupos onde se sentiam incomodados para expressar suas opiniões. Um depoimento marcante ilustra esse fenômeno: uma entrevistada compartilhou como a constante tensão entre primos em um grupo familiar a fez repensar sua participação.

Outro ponto interessante é que as mulheres demonstram uma preocupação ainda maior em relação a expressar suas opiniões, com 60% das entrevistadas indicando miedo de se manifestar. Isso se traduz em uma autocensura crescente, com 52% dos usuários se policiando diariamente sobre o que compartilham nas discussões virtuais. Essa estratégia de evitar conflitos parece ser uma resposta adaptativa ao estresse que a política tem imposto nas interações sociais.

Por outro lado, o humor tem emergido como uma ferramenta eficaz para contornar conflitos. Aproximadamente 30% dos usuários acreditam que memes permitem discutir política de forma leve, reduzindo o potencial de desavenças. Além disso, 34% dos entrevistados preferem manter discussões políticas em conversas privadas, enquanto 29% escolhem se engajar em grupos que compartilham uma visão ideológica semelhante.

Por fim, apesar da aversão a discussões políticas em ambientes mistos, há um notável aumento na participação em grupos destinados à promoção de candidaturas para as eleições municipais de 2024. O interesse por esses grupos subiu de 8% em 2023 para 18% em 2024, evidenciando um desejo por engajamento político sob condições que minimizam a adversidade. Nesse contexto, ficou claro que a polarização não está somente moldando a dinâmica das relações pessoais, mas também a forma como os brasileiros interagem e se organizam politicamente nas plataformas digitais.

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