Os dados apontam que a preservação das relações pessoais é fundamental, levando 65% dos participantes a deliberadamente omitir mensagens que possam desferir críticas aos valores de outrem. A situação é tão delicada que 29% dos respondentes admitiram ter deixado grupos onde se sentiam incomodados para expressar suas opiniões. Um depoimento marcante ilustra esse fenômeno: uma entrevistada compartilhou como a constante tensão entre primos em um grupo familiar a fez repensar sua participação.
Outro ponto interessante é que as mulheres demonstram uma preocupação ainda maior em relação a expressar suas opiniões, com 60% das entrevistadas indicando miedo de se manifestar. Isso se traduz em uma autocensura crescente, com 52% dos usuários se policiando diariamente sobre o que compartilham nas discussões virtuais. Essa estratégia de evitar conflitos parece ser uma resposta adaptativa ao estresse que a política tem imposto nas interações sociais.
Por outro lado, o humor tem emergido como uma ferramenta eficaz para contornar conflitos. Aproximadamente 30% dos usuários acreditam que memes permitem discutir política de forma leve, reduzindo o potencial de desavenças. Além disso, 34% dos entrevistados preferem manter discussões políticas em conversas privadas, enquanto 29% escolhem se engajar em grupos que compartilham uma visão ideológica semelhante.
Por fim, apesar da aversão a discussões políticas em ambientes mistos, há um notável aumento na participação em grupos destinados à promoção de candidaturas para as eleições municipais de 2024. O interesse por esses grupos subiu de 8% em 2023 para 18% em 2024, evidenciando um desejo por engajamento político sob condições que minimizam a adversidade. Nesse contexto, ficou claro que a polarização não está somente moldando a dinâmica das relações pessoais, mas também a forma como os brasileiros interagem e se organizam politicamente nas plataformas digitais.










