O ex-presidente Lula defende a relevância da participação de Putin na cúpula dos Brics, ressaltando sua importância geopolítica.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou em uma entrevista ao jornal sul-africano Sunday Times que a presença do presidente russo, Vladimir Putin, seria de extrema importância na próxima Cúpula do Brics, que será realizada em Durban, África do Sul, entre os dias 22 a 24 de agosto. Segundo Lula, a reunião tratará de assuntos essenciais para o bloco, como a luta contra a desigualdade e a busca pela paz no mundo, o que exige a participação de todos os mandatários dos países.

No entanto, essa será a primeira reunião dos Brics a acontecer de forma presencial após a Rússia invadir a Ucrânia, o que levanta algumas questões delicadas. Para evitar constrangimentos, Putin decidiu não comparecer pessoalmente ao evento e será substituído pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov.

A decisão de não comparecer pessoalmente se deve ao fato de que, caso Putin viajasse para Durban, a África do Sul, país anfitrião, seria obrigada a prendê-lo devido ao mandato de prisão expedido contra ele pelo TPI (Tribunal Penal Internacional). A África do Sul é signatária do Estatuto de Roma, que criou o TPI. Lula lamenta a ausência de Putin e destaca a importância de discutir temas globais com o presidente russo.

Além disso, o embaixador da África do Sul para a Ásia e o Brics, Anil Sooklal, revelou que o bloco recebeu 22 pedidos de admissão, todos patrocinados pela China. A China tem interesse em expandir o Brics para ampliar sua influência global e reforçar a liderança do grupo. No entanto, o presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE) e ex-embaixador do Brasil em Londres, Rubens Barbosa, acredita que a expansão do bloco prejudicaria o Brasil, pois o país é o único com posicionamento diferente em relação à questão da Ucrânia.

Outra proposta discutida dentro do bloco é a criação de uma moeda do Brics para reduzir a dependência do dólar em transações comerciais. Lula tem defendido essa ideia, porém, até mesmo membros do bloco questionam a viabilidade dessa proposta. A Rússia, por exemplo, acredita que uma moeda do Brics não poderia ser implementada no curto prazo.

A Cúpula do Brics em Durban promete ser um momento importante para discutir os desafios enfrentados pelo bloco e definir suas direções futuras. A ausência de Putin certamente será sentida, porém, o encontro deve trazer discussões relevantes e possibilitar avanços significativos para o bloco. Resta aguardar os desdobramentos desses eventos e acompanhar de perto as movimentações do Brics.

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