Novo Multilateralismo: Sul Global Ganha Protagonismo em Cenário Geopolítico Transformado

No ano de 2025, o cenário diplomático global passou por transformações significativas, destacando a emergência de um novo multilateralismo onde as nações do Sul Global assumem um papel central. Este fenômeno foi profundamente analisado no podcast Mundioka, que revisitou os eventos mais marcantes do ano, especialmente no que tange às dinâmicas internacionais.

A professora Fernanda Gonçalves Nancy, especialista em Relações Internacionais da UERJ, destacou a drástica mudança na política econômica dos Estados Unidos, que impactou as relações globais e resultou em uma crise no multilateralismo. Tradicionalmente, os EUA foram defensores desse modelo de governança, criando normas que permitiram um equilíbrio de poder entre nações. Entretanto, com a atual estratégia de Washington, observa-se um enfraquecimento da estrutura multilateral que por muitas décadas prevaleceu, especialmente com a falta de apoio à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Nancy enfatiza que o país tem adotado atitudes unilaterais que minam as regras estabelecidas, permitindo que outras potências, como a China, disputem espaços na liderança global. A professora pontua que o modelo de multilateralismo que conhecemos “não existe mais”, apontando a necessidade de uma reestruturação com novas normas e atores, sob a liderança do Sul Global. No entanto, para que essa nova ordem se consolide, é crucial que haja coesão entre os países dessa região, que ainda apresentam diversidades significativas em termos de poder e influência.

O analista Valter Peixoto Neto, especialista em relações internacionais e apresentador do podcast MenteMundo, discutiu as recentes tensões entre Camboja e Tailândia. O conflito, que começou em julho de 2025, não se concentra apenas em disputas territoriais, mas também nas ricas heranças culturais das nações envolvidas. A queda da primeira-ministra tailandesa, Paetogntarn Shinawatra, foi um ponto de inflexão que exemplificou como crises internas podem se agravar devido à falta de intervenções eficazes de organismos internacionais, como a ONU.

Peixoto observa que a ASEAN desempenha um papel ambíguo nesse contexto, ao mesmo tempo que busca manter a unidade entre os seus membros e evitar futuras escaladas de conflito, agindo como um canal diplomático. A necessidade de se legitimar politicamente tem levado países como Tailândia e Camboja a buscar um “inimigo comum”, destacando como a geopolítica e a identidade nacional estão entrelaçadas em tempos de crise.

Esses relatos demonstram um ponto importante: a configuração do poder global está mudando, com o Sul Global ganhando destaque em um novo panorama multilateral, desafiando tradições estabelecidas e exigindo uma adaptação por parte das potências tradicionais.

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