Em termos numéricos, está previsto um montante de R$ 122 bilhões para gastos discricionários em 2027. Este valor, que corresponde a uma precariedade orçamentária, terá que cobrir, entre outros fatores, R$ 50 bilhões destinados ao pagamento de emendas parlamentares, o que deixa um espaço financeiro ínfimo para manter a máquina pública em operação. Já em 2029, a expectativa é de que restem apenas R$ 8,9 bilhões para investimentos, uma quantia que pode ser insuficiente até para a manutenção de escolas, hospitais e obras essenciais.
Diante desse quadro alarmante, o governo reconhece a possibilidade de um “shutdown” nas operações governamentais, similar ao que ocorre em momentos críticos nos Estados Unidos. Históricos de gastos obrigatórios crescentes, déficits primários frequentes e um aumento preocupante da relação dívida/Produto Interno Bruto (PIB) seriam fatores que concursariam para este estado crítico.
A Instituição Fiscal Independente (IFI) destaca que a restrição fiscal pode comprometer o crescimento econômico ao frear investimentos em áreas que podem impulsionar a produtividade, como educação e infraestrutura. Além disso, as expectativas sobre juros e inflação podem ser constantemente pressionadas, principalmente se o novo governo não apresentar um plano fiscal claro no início de sua gestão.
De maneira alarmante, um movimento de economistas, incluindo ex-presidentes do Banco Central, surgiu em repúdio ao que chamam de “estrangulamento” orçamentário, com a criação do “Movimento Orçamento Bem Gasto”. O grupo defende que a elevada proporção de despesas obrigatórias—91% da despesa primária total—está amputando o potencial de implementação de novas políticas públicas, gerando um ciclo de crise econômica e social que pode se agravar nos próximos anos.
Essas análises prenunciam um futuro incerto para a gestão pública, caso não haja mudanças substanciais na maneira como os recursos são alocados e geridos.