Novo Código Civil pode permitir que menores de idade depõem como testemunhas em processos judiciais; especialistas questionam a eficácia da medida e proteção das crianças.



Uma proposta de reforma do Código Civil está gerando discussões acaloradas ao sugerir a revogação do artigo que atualmente impede que menores de idade atuem como testemunhas em processos judiciais. Caso a iniciativa seja aprovada, crianças e adolescentes teriam a possibilidade de depor em tribunal, uma mudança significativa na legislação brasileira. Segundo as normas vigentes, estabelecidas pelo artigo 228 do Código Civil, apenas indivíduos com 16 anos ou mais podem ser admitidos como testemunhas, exceto em situações em que os menores são diretamente afetados, como em casos de abuso ou violência onde são eles próprios as vítimas.

Essa proposta surge em um contexto no qual o papel das crianças e adolescentes em processos judiciais está sendo amplamente debatido. Embora a ideia de permitir que esses jovens possam testemunhar em tribunal seja vista por alguns como um avanço, especialistas já alertam para a complexidade dessa questão. A advogada Camila Monzani Gozzi, por exemplo, expressou sua preocupação ao afirmar que, mesmo com a liberalização, seria altamente improvável que menores fossem convocados a depor em casos que não os envolvessem diretamente. Camila também destacou a questão do juramento, fundamental para qualquer testemunha, que envolve a obrigação de dizer a verdade sob pena de sanções legais. “Como uma criança poderia entender a responsabilidade de prestar juramento?”, indaga a advogada, levantando dúvidas sobre a capacidade dos jovens em compreender a seriedade desse ato.

A reformulação legal está sendo proposta por uma comissão composta por 38 juristas, incluindo ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Atualmente, a proposta está em sua primeira fase de tramitação, aguardando a aprovação inicial antes de seguir para as comissões permanentes e, eventualmente, chegar ao plenário para votação final. Essa iniciativa, que visa atualizar e adequar a legislação às novas demandas sociais, certamente abrirá um novo debate sobre os direitos e o papel das crianças e adolescentes no sistema judiciário brasileiro.

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