Nova proteína da placenta traz esperança para tratamento de lesões na medula espinhal e pode restaurar movimentos em humanos e cães.

Uma inovadora proteína desenvolvida a partir da placenta humana está proporcionando novas esperanças para pacientes com lesões na medula espinhal, uma condição que tradicionalmente resulta em perda total ou parcial dos movimentos e que, até o momento, não possui tratamentos eficazes para reverter os danos. A substância, denominada polilaminina, está sendo pesquisada há mais de duas décadas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e representa um avanço promissor na medicina regenerativa.

A polilaminina é uma versão labortorial da laminina, uma proteína essencial no desenvolvimento embrionário que desempenha um papel fundamental na conexão dos neurônios. A expectativa é que, ao ser aplicada diretamente no local da lesão medular, a polilaminina estimule os nervos a formarem novas rotas de comunicação, possibilitando a recuperação de parte dos movimentos perdidos.

A diferença entre o tratamento com polilaminina e as terapias com células-tronco merece destaque. A professora Tatiana Sampaio, uma das pesquisadoras envolvidas no estudo, esclarece que, embora ambos busquem replicar processos naturais do corpo, a polilaminina se destaca por ser uma proteína biológica não viva, similar ao colágeno. Diferentemente das células-tronco, que são únicas para cada indivíduo e podem provocar rejeição, a polilaminina é idêntica em todos os humanos, o que diminui os riscos de reações adversas.

Este tratamento não requer a complexidade de manipulações que envolvem a utilização de células-tronco, podendo ser armazenada de forma prática em hospital e aplicada imediatamente. Além disso, elimina a necessidade de imunossupressão, um fator que contribui para a saúde do paciente e torna o custo da terapia mais acessível.

Para avançar nesse campo, as próximas fases do estudo têm como locais o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC USP) e a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. É importante ressaltar que a seleção de pacientes será restrita a indivíduos que sofrerão lesões agudas, com um intervalo de tempo de apenas três a quatro dias após o trauma.

As negociações com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já estão em andamento desde 2022, visando a autorização para o uso clínico da polilaminina. Contudo, a Anvisa enfatiza que a liberação ainda não ocorreu e requer dados de segurança adicionais para que os testes possam prosseguir.

Esse panorama marca um momento significativo nas pesquisas sobre medicina regenerativa, que, em breve, pode transformar a vida de muitos que sofreram lesões na medula espinhal.

Sair da versão mobile